A
cada dia que passa, adensa-se a núvem que ameaça a Grécia e que os ventos podem
fazer alastrar a toda a União Europeia, com consequências que ninguém sabe
prever.
Vários
analistas, depois das eleições gregas, afirmavam a sua convicção num desfecho
satisfatório das negociações europeias, embora alertassem para a dureza do
caminho a percorrer até o alcançar.
Mais
recentemente, parecem ganhar terreno as opiniões que vão no sentido de um
confronto insanável e de uma crise na zona euro, mas há também alguns sinais
contraditórios sobre as posições de responsáveis políticos, a par de alguma evolução nas opiniões públicas, tudo contribuindo para a
dificuldade de prever o que pode ser o resultado da próxima reunião do Conselho
Europeu.
A
este propósito, a qualificação desprestigiante dada às propostas gregas pelo
Primeiro Ministro do nosso governo, seguida da candidatura a beneficiar dos
ganhos eventuais que a Grécia venha a obter, não dão qualquer segurança a uma
previsão acerca de qual será a posição que Portugal defenderá perante os seus
parceiros .
Será
que, no debate que vai ter lugar sobre e reestruturação da dívida grega e as
imposições do Pacto Orçamental “A principal oposição não virá da Alemanha, mas
de outros países periféricos, tais como Portugal, que não se revoltaram contra
a troika”, como escreve Wolfgang Münchau
em artigo publicado no Financial Times on-line de 9 de Fevereiro – “All Grexit needs is a few more disastrous
weeks like this”?
Mais
do que soluções para problemas imediatos de liquidez, que se espera sejam
acordadas, impõe-se uma avaliação crítica das políticas centradas na redução do
endividamento público, postas em prática de forma muito violenta e em
simultâneo na Europa, as quais, para além da grave crise social que criaram, falharam
completamente nos seus objectivos .
Acresce
que o problema da dívida não é só europeu, pois como se lê no recente relatório da Mc Kinsey Global Institute - Debt and (not much) deleveraging -
nenhuma economia reduziu o seu ratio dívida/ PIB e a dívida global cresceu cerca de 57 triliões de dólares, desde
2007 até meados de 2014, representando 286% do PIB. Aí se refere também que no
grupo de países que mais aumentaram a sua dependência da dívida está a Irlanda,
seguida de Singapura, Grécia e Portugal.
Como
tem razão Paul Krugman quando, em The New York Times de 9 de Fevereiro, escreve
“Nobody Understands Debt” !
O
que está em causa é entender o papel que a dívida joga na economia e como a
politica de austeridade generalizada tem contribuído para agravar os problemas
da dívida excessiva.
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