Por muitas razões de actualidade a que acresce o gesto insólito e provocador de uma cadeia de supermercados ocorrido no passado dia 1 de Maio, dia mundialmente consagrado a lembrar a dignidade do trabalho e os direitos dos trabalhadores, é oportuno lembrar o Pensamento social da Igreja consagrado na Carta Encíclica do Papa João Paulo II sobre o trabalho humano cuja leitura na íntegra se recomenda.
Dela respigamos estes excertos:
O trabalho humano tem o seu valor ético, o qual, sem meios termos, permanece directamente ligado ao facto de aquele que o realiza ser uma pessoa, um sujeito consciente e livre, quer dizer, um sujeito que decide por si mesmo.
Perante a realidade actual, em cuja estrutura se encontram sinais bem profundos de tantos conflitos … deve recordar-se, antes de mais nada, um princípio ensinado sempre pela Igreja. É o princípio da prioridade do “trabalho” em confronto com o “capital”.
É, precisamente, a consideração dos direitos objectivos do trabalhador (…) que deve constituir o critério adequado e fundamental para a formação de toda a economia, tanto da economia de cada sociedade ou Estado, como do conjunto da política económica mundial e dos sistemas de relações internacionais que derivam da mesma política.
As minhas mais afectuosas saudações para a Profª Manuela Silva pela publicação deste texto: é a 1ª voz (que eu tenha visto) a falar dos valores cristãos, nesta provocação do Pingo Doce. A mim, que sou agnóstico, repugnam-me especialmente dois factos (além dos que têm sido justamente repetidos): o gesto de que foi capaz o império liderado pelo Sr. Alexandre Santos, que se apresenta aos portugueses como o maior em Moral; e o ensurdecedor silêncio da Hierarquia da Igreja perante este aviltamento do valor do Trabalho e da Pessoa humana (para não falar do tom descontraído com que Passos Coelho diz aos seus discípulos trabalhadores PSD que temos de nos habituar ao desemprego!). Desmascaremos, porque este caminho leva - como a História demonstra - ao desastre, ao esmagamento do próprio Homem. Victor Louro
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