Para todas as áreas do conhecimento, existem várias definições construídas ao longo dos tempos, consoante os seus aspectos mais relevantes e evidentes em cada momento do tempo e a sensibilidade dos autores dessas mesmas definições.
E a economia, como é natural, não é excepção.
O nosso actual estilo de vida reveste-se de características que não eram tão evidentes há, digamos, sessenta anos atrás: as agressões ao ambiente (rotuladas, à época, como “externalidades”, quando a economia sempre foi e será um subsistema do ecossistema que a suporta), o poder desmesurado dos grandes interesses instituídos, as políticas dos governos reféns desses interesses, as extremas desigualdades sociais e as migrações daí decorrentes, o afluxo maciço e o congestionamento das grandes metrópoles, a robotização e os seus efeitos nos níveis de emprego, etc..
Quando ouvimos as soluções que políticos, analistas e comentadores advogam para os problemas que dali advêm (desde os fogos em monoculturas florestais às indecorosas práticas especulativas, aos vergonhosos offshores ou à mera “necessidade” de construção de um aeroporto, por exemplo) constatamos que, por norma, se posicionam em dois campos opostos: o da preservação a todo o custo do status quo tendo sempre como guia supremo os sacrossantos mercados e o crescimento económico (quando este tem vindo, desde há quarenta anos, a resultar no favorecimento dos muito ricos do planeta e no empobrecimento de todos os restantes, incluindo as classes médias) e o da defesa das condições de vida das populações invocando muitas vezes valores como a solidariedade, mais equidade e justiça.
Por outro lado, e a título de exemplo, não é difícil admitir que se privilegiarmos a nossa saúde e a do planeta consumiremos alimentos isentos de químicos (tóxicos e poluentes) e produzidos de preferência localmente e recorrendo a energias renováveis ou se respeitarmos a dignidade de todos os seres sencientes não teremos uma das actividades económicas mais predadoras e poluentes que é a pecuária intensiva.
Ou ainda se tivermos compaixão por quem sofre e passa fome, viveremos num mundo mais harmonioso e equitativo.
Definitivamente, se assumirmos todos, como é nosso dever, uma solidariedade intergeracional, ainda poderemos deixar um mundo habitável aos nossos filhos.
Por tudo isto, prefiro definir Economia como a forma como dispomos dos bens materiais em função dos nossos bens imateriais (valores, sentimentos, aspirações, projectos,…).
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