16 julho 2019

Pensar o futuro

Com a publicação on line (ver aqui), o GES – Economia e Sociedade conclui o projecto “Pensar o Futuro” iniciado em 2015 e que se prolongou pelos três anos subsequentes, tendo dado lugar a um livro publicado pelas edições da Fundação Gulbenkian (2018) e uma conferência com o mesmo tema realizada em Março 2019.

Como se escreveu no texto de apresentação do referido livro: 

O grupo Economia e Sociedade vê com preocupação que o debate político e a opinião pública estejam reféns da urgência de encontrar respostas para os problemas mais imediatos com que o País se confronta, no plano interno e comunitário, descurando a necessidade – também ela, obviamente, urgente – da definição de uma estratégia de desenvolvimento a médio prazo, devidamente abrangente e consensualizada no que respeita a finalidades e objectivos prioritários e a recursos disponíveis ou potenciais, a mobilizar para o efeito.
 
Estávamos em meados de 2015 e ainda sob o impacto da Troika.

Na referida introdução também se escrevia: Pensar o futuro contempla uma dupla preocupação: promover consensos em torno dos objectivos a alcançar num horizonte temporal alargado e contribuir para a construção de uma visão prospectiva, politicamente consensualizada no que se refere à identificação de potencialidades e riscos decorrentes de mudanças demográficas, tecnológicas, económico-financeiras e outras. 

Alterado que foi o contexto político e pese embora a janela de novas oportunidades, entretanto criada, continua a ser verdadeira a constatação anterior, como referi na Mensagem de apresentação da Conferência de 2019:  no plano político, bem como no plano societal, persiste um tremendo défice de reflexão e de consensualização acerca do País que somos e da sociedade e da economia que desejamos para o nosso futuro colectivo. Tem, também, faltado a coragem de perscrutar os desafios do futuro e a ousadia de criar uma visão estratégica para os enfrentar. O País no seu todo permanece refém da miopia do curto prazo e do debate em torno das soluções casuísticas para acudir aos “fogos” mais propalados.
(…)
Tal como constatamos há três anos, reconhecemos hoje o valor e a urgência de uma estratégia nacional de desenvolvimento a prazo, que vá para além dos ciclos eleitorais e sirva de guia para a tomada de decisão por parte de governos e demais órgãos políticos, agentes económicos, organizações da sociedade civil e dos próprios cidadãos nas suas vidas pessoais e familiares.
 
Pensar o futuro não é tarefa fácil, mormente quando a complexidade, a aceleração da mudança e a incerteza têm de ser factores devidamente considerados, quando a globalização e a financeirização ganham terreno e os seus poderes se sobrepõem ao poder dos Estados, quando se abalam os alicerces dos equilíbrios geopolíticos e quando é frouxo o quadro dos valores éticos que servem de matriz à vida das instituições e tornam imprevisíveis os seus comportamentos. Contudo, esta dificuldade real não deve servir de argumento para a inércia e a navegação à vista. Ao invés, reforça a necessidade do empenho e da urgência da acção que vise a definição e implementação de uma estratégia de construção do futuro; estratégia flexível, mas robusta.

Com a proximidade de eleições legislativas, previstas para o começo de Outubro próximo, ganha particular acuidade introduzir no debate político-partidário objectivos e estratégias de futuro capazes de motivar a população para a tarefa colectiva de construir um país em que cada cidadão goste de viver e encontre espaço para participar num desenvolvimento sustentável e inclusivo.

Espero que os textos agora disponibilizados na net e são fruto de uma ampla participação de académicos de diversas universidades podem ser um contributo para este desígnio. Assim os diferentes actores sociais e políticos o queiram aproveitar.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Os comentários estão sujeitos a moderação.