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31 agosto 2018

FMI: Um cérebro grande mas uma consciência pequena?


No site Rethinking Economics deu-se recentemente a conhecer uma reflexão a propósito da publicação de um relatório das Nações Unidas sobre a pobreza e os direitos humanos, da autoria de Philip Alston.

De acordo com esta reflexão, o FMI desempenha um papel relevante no mundo financeiro, mas não está isento de responsabilidades. Em particular, os constrangimentos sentidos em matéria de protecção social, quando da realização dos programas de ajustamento, não podem ser vistos como uma preocupação secundária, face ao objectivo da redução do défice. “A miséria é uma escolha política e não uma nota de pé de página numa folha de cálculo”.

O FMI e, há que reconhecer, a prática económica em geral, não operam num vacum político, segundo PhilipAlston. Sendo assim, as preocupações com as questões da pobreza e da protecção social deveriam obrigatoriamente constar do trabalho do FMI.
Por outro lado, existem disparidades gritantes na composição do FMI, quanto ao género e proveniência regional dos seus funcionários. Apesar de ter como Directora Geral uma mulher, a grande maioria do staff do FMI é dominado por universitários (homens) do Reino Unido e dos Estados Unidos da América.

A forma “paroquial” como a economia é entendida pelo FMI, como” nada mais do que a aplicação de modelos matemáticos, não é nova. De facto, isto é como o mainstream económico é frequentemente ensinado nas universidades de todo o mundo”.

Rethinking Economics apela ao FMI para se comprometer em alterar o seu trabalho através destas quatro reformas:
  • Dar passos concretos para aumentar o número de mulheres economistas empregadas e a nível sénior no FMI.
  • Tomar a questão das desigualdades como uma preocupação primária em todos os aspectos do trabalho do FMI. A pobreza nunca deveria ser um assunto secundário e o FMI deveria tomar as suas responsabilidades quanto à sua resolução.
  • Reconhecer que a prática económica e as suas instituições não operam num vacum ideológico.
  • Desenhar e fazer cumprir uma carta ética com valores orientadores das suas acções, guiar a aproximação às questões da pobreza e da protecção social e actuar como um exemplo aos governos no mundo.

Face ao exposto, conclui-se que as reformas propostas não são de fácil aceitação para um organismo que se caracteriza por tratar sempre em pé de página as matérias relacionadas com a pobreza e os direitos humanos.  


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