No site Rethinking
Economics deu-se recentemente a conhecer uma reflexão a propósito da publicação de um relatório
das Nações Unidas sobre a pobreza e os direitos humanos, da autoria de Philip
Alston.
De acordo com esta reflexão,
o FMI desempenha um papel relevante no mundo financeiro, mas não está isento de
responsabilidades. Em particular, os constrangimentos sentidos em matéria de
protecção social, quando da realização dos programas de ajustamento, não podem
ser vistos como uma preocupação secundária, face ao objectivo da redução do
défice. “A miséria é uma escolha política
e não uma nota de pé de página numa folha de cálculo”.
O FMI e, há que
reconhecer, a prática económica em geral, não operam num vacum político,
segundo PhilipAlston. Sendo assim, as preocupações com as questões da pobreza e
da protecção social deveriam obrigatoriamente constar do trabalho do FMI.
Por outro lado, existem
disparidades gritantes na composição do FMI, quanto ao género e proveniência
regional dos seus funcionários. Apesar de ter como Directora Geral uma mulher,
a grande maioria do staff do FMI é dominado por universitários (homens) do
Reino Unido e dos Estados Unidos da América.
A forma “paroquial”
como a economia é entendida pelo FMI, como”
nada mais do que a aplicação de modelos matemáticos, não é nova. De facto, isto
é como o mainstream económico é frequentemente ensinado nas universidades de
todo o mundo”.
Rethinking Economics
apela ao FMI para se comprometer em alterar o seu trabalho através destas
quatro reformas:
- Dar passos concretos para aumentar o número de mulheres economistas empregadas e a nível sénior no FMI.
- Tomar a questão das desigualdades como uma preocupação primária em todos os aspectos do trabalho do FMI. A pobreza nunca deveria ser um assunto secundário e o FMI deveria tomar as suas responsabilidades quanto à sua resolução.
- Reconhecer que a prática económica e as suas instituições não operam num vacum ideológico.
- Desenhar e fazer cumprir uma carta ética com valores orientadores das suas acções, guiar a aproximação às questões da pobreza e da protecção social e actuar como um exemplo aos governos no mundo.
Face ao exposto,
conclui-se que as reformas propostas não são de fácil aceitação para um
organismo que se caracteriza por tratar sempre em pé de página as matérias
relacionadas com a pobreza e os direitos humanos.
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