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25 junho 2018

Há novos desafios para a política económica

Os lucros de hoje não se transformam, necessariamente, em novos investimentos em capital fixo com um consequente aumento da capacidade de produção de riqueza e, menos ainda, em desenvolvimento.
 
Esta é a conclusão de um artigo de Ronald Janssen publicado no jornal on line Social Europe, datado de 20 Junho.  O texto é baseado numa análise de um conjunto de gráficos publicados no último Economic Outlook da OCDE, para o período de 2000-2015.
 
A taxa de lucro do investimento em capital fixo voltou a situar-se em níveis anteriores à crise de 2007 ou seja em valores próximos de 10%, para o conjunto da OCDE, atingindo mesmo valores superiores no caso de alguns países, como o Reino Unido (12%) ou a Alemanha e a Holanda (13-14%). A estes valores há que acrescentar a alavancagem, difícil de avaliar, que pode resultar do recurso ao crédito, nas actuais circunstâncias de baixas taxas de juro.
 
Nestas condições, poder-se-ia esperar uma correspondente aceleração no investimento nos sectores produtivos da economia. Não é, porém, o que se verifica. O investimento produtivo não descola e, inclusive, permanece a nível inferior ao que seria necessário para manter o stock de capital.
 
Esta aparente contradição encontra explicação numa nova narrativa que tenha na devida conta que o nível de investimento em capital fixo depende das expectativas de lucro decorrentes de empregos alternativas, designadamente a aplicação em títulos (especulação bolsista) e em património imobiliário.
 
No actual contexto económico, a decisão de converter os lucros em novos investimentos produtivos pauta-se por expectativas de rentabilidade muito mais elevadas do que sucedia anteriormente à crise e mesmo quando se aplicam no sector produtivo, mais do que uma desejável expansão de capacidade produtiva e inovação tendem a concretizarem-se em empresas já existentes.
 
Esta constatação obriga, necessariamente, a questionar os fundamentos e os instrumentos das políticas públicas de incentivos ao investimento e de reformas estruturais, elaboradas no pressuposto de que, favorecendo os lucros, tal se reflecte em novos investimentos de capital produtivo, criação de emprego e outros benefícios para a sociedade como um todo.
 
Como bem adverte o Autor deste artigo, a actualização da narrativa tradicional deve conduzir à revisão das políticas públicas em domínios tão relevantes como: a política fiscal, a política tecnológica e sua articulação com o emprego, a política de salários, a política de incentivos amigos das empresas, as chamadas reformas estruturais, a política activa de repartição de riqueza e rendimento, entre outras.
 
Voltarei ao assunto em próximos posts.

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