Em 2015, Juncker afirmou desejar desenvolver um Pilar Europeu
de Direitos Sociais para ter em conta as mudanças no mundo do trabalho e para
possibilitar uma convergência renovada na área do euro. Os restantes países
membros poderiam juntar-se, se assim o desejassem. De salientar que foi expressamente
reconhecido que o actual quadro macroeconómico da zona euro colocava desafios
específicos, já que são reduzidos os instrumentos de política macroeconómica, a
nível nacional, o que exige uma reflexão sobre metas sociais, normas e
instrumentos. Esta afirmação interessa particularmente a Portugal, sujeito a
regras financeiras que se repercutem desfavoravelmente sobre o tecido social.
Em Março de 2016 foram aprovadas pela Comissão as linhas
gerais que deveriam enquadrar o trabalho a realizar. Ao longo de 2016 teve
lugar um debate público alargado sobre o conteúdo e o papel do Pilar Europeu
dos Direitos Sociais, que deveria cobrir os seguintes itens: i) igualdade de
oportunidades e acesso ao mercado de trabalho; ii) condições de trabalho justas;
iii) protecção social adequada e sustentável.
A resolução recentemente adoptada pelo Parlamento Europeu (www.europarl.europa.eu/portal/pt/search?q=Pilar+social),
baseou-se num relatório da deputada Maria João Rodrigues, e exorta a Comissão a
inspirar-se na revisão do acervo social e das políticas sociais e de emprego e
nos resultados da consulta pública então realizada. Deverá traduzir-se na apresentação
de uma proposta, a ter lugar na primavera de 2017, sobre um Pilar Europeu de
Direitos Sociais, que deverá promover o bom funcionamento de mercados de
trabalho inclusivos e de sistemas de protecção social, que sirvam de orientação
para uma nova convergência, mediante a actualização da legislação em vigor, a
melhoria da coordenação económica e social e a garantia do necessário apoio
financeiro.
A intenção é a de não se ficar por propostas gerais,
avançando-se já para sugestões concretas, de que se destacam as seguintes:
- Acabar com o trabalho precário, através da garantia de condições de trabalho dignas para todas as formas de emprego;
- Proibir os estágios não remunerados;
- Cobrir todos os trabalhadores com um seguro de saúde;
- Estabelecer um quadro europeu para regimes de rendimento mínimo;
- Legislar sobre uma licença para prestadores de cuidados;
- Garantir a todas as crianças que vivem em situações de pobreza o acesso aos cuidados de saúde, ensino gratuito, cuidados infantis gratuitos, habitação digna e nutrição adequada;
- Estabelecer uma garantia para a formação profissional e a educação;
- "Socializar” a União Económica e Monetária, adoptando uma “vigilância macrossocial”, que impeça o agravamento da situação social e de desemprego;
- Etc.
É fácil concluir que estamos perante propostas importantes,
cujos desenvolvimentos merecem a maior atenção por parte dos cidadãos da União
Europeia. Para além da concretização que vierem a ter, podemo-nos contudo interrogar
sobre que outras propostas poderão ser necessárias, designadamente no que
respeita à política .económica e financeira, para reforçar o sentimento de pertença
ao projecto europeu.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários estão sujeitos a moderação.