O Relatório do “idependent Anual
Growth Survey” de 2017, defende que a retoma económica da Europa, que se
iniciou em 2014, é ilusória e incapaz de resolver a crise social.
Começando por assinalar que
o crescimento económico previsto para a Europa em 2017 (1,6%) e 2018 (1,5%) vai
desacelerar face a 2016 (1,9%), o Relatório antevê que as decisões ao nível
nacional continuem a não ser objecto de uma abordagem coerente, que tenha em
conta os impactos macroeconómicos e a respectiva distribuição por países.
A multiplicidade de riscos
em presença encoraja uma atitude de “esperar para ver”, por parte dos
investidores e de outros actores em presença, desencorajando a tomada de
riscos. Esta situação agrava os custos sociais e vai atrasar a recuperação do
desemprego. Face à menor qualidade dos empregos e do aumento da dispersão de
rendimentos, que se tem vindo a verificar na Europa, refere-se que é necessário
financiar o estado de bem-estar através do aumento da progressividade dos
rendimentos e da taxação da riqueza e das heranças, por forma a favorecer o
crescimento económico e a estabilidade social, contrariando a subida dos riscos
de pobreza.
Em conclusão, afirma-se que
uma política económica de crescimento é necessária mas não suficiente para
obter o progresso social. Os decisores políticos e económicos não podem ficar
centrados apenas no crescimento do PIB, devendo antes procurar um conjunto mais
vasto de objectivos económicos, sociais e ambientais. Uma desaceleração do PIB
poderá não ser um desastre económico, uma vez que o PIB é uma medida parcial do
bem-estar. A simples taxa de crescimento económico ignora os fluxos fora do
mercado, como é o trabalho doméstico, os atentados contra a natureza e as
desigualdades sociais. O Relatório propõe quatro outras metas subsidiárias para
se alcançar um quadro económico estável: estabilidade financeira; estabilidade
da actividade estatal; estabilidade dos preços; balança externa equilibrada. A
reflexão agora empreendida poderia ser enriquecida, segundo os autores do
Relatório, através da constituição de um conselho, composto por peritos
económicos sociais e do ambiente, para monitorizar as condições sociais.
Ver “The Elusive Recovery” em http://www.iags-project.org.
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