No passado dia 6 de outubro, a Plataforma
Portuguesa das ONGD deu a notícia de ter sido assinada uma carta por mais de 250
economistas e académicos, entre os quais os portugueses Francisco Louçã, José Reis
e Manuel Couret, apelando aos ministros da Finanças de 10 países europeus (Alemanha,
Áustria, Bélgica, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Itália,
Portugal) que vão amanhã encontrar-se no Luxemburgo, para não adiarem mais a
criação da Taxa sobre as Transacções Financeiras (TTF).
Consideram os signatários que este objectivo
é tecnicamente exequível e económica e socialmente desejável.
Em conclusão sublinham: ”Esta taxa pode criar mais recursos para minimizar os efeitos
económicos e sociais muito negativos causados pela crise e pelos cortes sociais
em Portugal, na Europa e no Mundo, para além de poder contribuir positivamente
para mudar o comportamento dos mercados financeiros e da banca, tornando estes
mais favoráveis aos investimentos produtivos de longo prazo”.
Devemos referir que os países em causa já em
2013 tinham aprovado a proposta de Directiva do Conselho de 28 de Setembro de
2011 sobre um sistema comum de impostos sobre as transacções financeiras, particularmente
as de natureza especulativa, pelo que o que deles se espera agora é uma atitude
de coerência e uma prova de que compreendem a gravidade do tempo actual, em que
se manifesta o desencanto crescente das pessoas na União Europeia.
O importante é que as actividades financeiras
sirvam as necessidades da sociedade em vez de favorecer a sua intensificação
desregulada, a qual, como se tem registado, é incentivadora da especulação e
geradora de desigualdades.
É certo que abrandou o sentimento de urgência
de 2007-2008, mas permanecem as questões de fundo sobre as quais se gerou
consenso, entre elas a de que o sector financeiro devia contribuir de modo mais
equitativo para a resolução dos problemas desencadeados pela crise, tanto mais
que ele tem sido beneficiado do ponto de vista fiscal na maior parte dos
serviços financeiros.
Nada pode justificar que a criação da TTF,
depois de quase duas décadas de adiamentos consecutivos, fique mais uma vez
refém de pressões de grupos poderosos e da falta de vontade política de alguns governos
europeus.
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