13 agosto 2016

Amanhã hoje

Os economistas e de modo geral os cientistas sociais são peritos em fazer diagnósticos sobre aquilo a que convencionaram chamar a “realidade”, seja a macro-economia, a finança globalizada, a sociedade, o Estado, a Cultura, a Política, e a construir sobre eles os seus modelos de previsão e de fundamentação da intervenção dos diferentes actores sociais (empresas, estado, instituições, indivíduos e famílias), segundo os seus interesses e lógicas de actuação, igualmente ficcionados segundo os padrões dominantes.
 
Esta “realidade” abstracta tende, porém, a ignorar ou subestimar relevantes formas não convencionais de basear, organizar e desenvolver a economia e a vida colectiva de pessoas e grupos populacionais em várias regiões do Globo, as quais se vão multiplicando como resposta às manifestas disfuncionalidades (ecológicas, desemprego, desigualdade e exclusão social, etc) que as recentes crises vêm pôr em destaque. Estas formas não convencionais são sinais promissores de que um outro amanhã é possível e, hoje mesmo, se está configurando.
 
O filme Amanhã, documentário produzido por dois realizadores, Cyril Dion do Movimento Colibris e Mélanie Laurent, oferece múltiplos exemplos de como é possível construir uma sociedade de maior equilíbrio ecológico e com relações sociais mais justas e por isso mais pacíficas.
 
Sobre o filme e a problemática que lhe é subjacente, Fernando Belo publicou, no jornal Público do passado dia 10, um excelente texto que merece ser difundido e debatido.
 
De há muito (lembro-me, por exemplo, do projecto de desenvolvimento comunitário que lancei e coordenei na primeira década dos anos sessenta), partilho a convicção de Fernando Belo que, depois de proceder a um inventário exemplificativo de casos documentados no filme, escrevia assim: Esta ossatura de resistência local tendendo à autarcia pode também anunciar uma futura civilização pós-imperialismo financeiro.
 
Agradeço ao Cláudio Teixeira e à Margarida Chagas Lopes a iniciativa de terem chamado a minha atenção para o artigo com o sugestivo título Já se sabe hoje como será Amanhã. E, claro está, dou os parabéns ao Fernando Belo cujo pensamento que me habituei a admirar.

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