Terminava com estas palavras o discurso que o Prof. João Caraça pronunciou na sessão comemorativa do dia 10 Junho, procurando assim apontar para o horizonte em que devemos situar os nossos esforços comuns para enfrentar a mudança e a correspondente incerteza e turbulência, preservando e aprofundando a nossa identidade como povo e sabendo tirar proveito dos recursos do conhecimento e da inovação tecnológica e digital para cuidar da qualidade de vida das nossas gentes e do bem comum.
Lamento não ter encontrado sinais da divulgação deste discurso na comunicação social nem reflexões por parte dos comentadores, quando, a meu ver, as palavras de João Caraça não devem ficar silenciadas, antes merecem acolhimento e ênfase por parte de uma opinião pública esclarecida e ponderação e aprofundamento pelo lado das lideranças políticas, económicas ou culturais.
Enquanto esperamos a publicação do discurso na íntegra e a sua devida divulgação, deixo algumas passagens que, a título pessoal, sublinhei.
(…)
Todo o mundo é composto de mudança… é uma afirmação definitiva, completa, essencial. Sim, é preciso mudar, mas como?
É que nem tudo pode mudar ao mesmo tempo. Se tudo mudasse num instante, perderíamos evidentemente a identidade. E o que faríamos, pobres de nós, sem a nossa identidade? Mais, o que seria de um país, como um grande navio à deriva, em busca de identidade?
Aqui reside o segredo da adaptação à mudança: é em saber o que deve ser mudado e, ao mesmo tempo, o que não se deve mudar. É para isso que serve a cultura.(…)
As incertezas trazem as possibilidades de futuros múltiplos. Teremos, pois, de saber escolher um deles, um caminho que conduza a uma solução colectiva portadora de esperança.
Nunca, em tempo algum, houve apenas uma alternativa, nem ontem, nem hoje, nem certamente amanhã.
Pensar, acreditar no futuro, não é necessariamente uma posição de optimismo, antes o resultado de uma profunda confiança nos outros, nos nossos semelhantes, nos nossos concidadãos.
Essa confiança foi a nossa grande arma na caminhada ao longo dos séculos.(…)
Portugal está em terra, nos mares, nos ares e, em breve, espero, no espaço.
A memória das gentes portuguesas e o seu formidável contributo para a revolução geográfica da modernidade, mostrando a existência de novos territórios, de novos povos desconhecidos «e o que mais é – de novos céus e novas estrelas» na frase magistral de Pedro Nunes, dão-nos a autoridade moral para falarmos, neste dia, em nome da humanidade.
E o que temos para dizer em nome da humanidade?
Temos, em primeiro lugar, a obrigação de afirmar que a humanidade precisa de se lançar numa nova grande transformação, numa enorme mudança que elimine as causas estruturais das tragédias que afligem a condição humana: a guerra; a pobreza; as migrações, com o seu cortejo de exclusões e epidemias; a perda de sentido, que arrasta consigo a superstição e os fantasmas esquálidos do passado.(…)
Em segundo lugar, temos de realçar a importância fundacional dos nossos valores e das nossas percepções, da nossa cultura e sobretudo da educação, como instrumentos centrais da nossa capacidade de adaptação à mudança e de aprendizagem com vista à sustentabilidade das nossas sociedades.(…)
Finalmente, em terceiro lugar, temos de declarar que é intolerável que qualquer democracia seja tutelada por poderes de natureza anti-democrática. (…)
Só o poder político democrático tem o direito de governar o mundo.
(…)
A identidade, numa sociedade moderna, não depende apenas dos seus dois factores tradicionais – o património, e a cultura.
Não, a identidade, hoje, sustenta-se igualmente num terceiro factor importantíssimo: a ideia do futuro. Este aspecto fundamental não pode ser subestimado – no mundo, hoje, sem projecto não há identidade.(…)
Um país é muito mais do que um conjunto de indicadores de natureza económica e financeira.(…)
O futuro de um país passa principalmente pelas expectativas, pelas estratégias e pela vontade dos seus cidadãos mais activos, mais criativos, mais inconformados. Aqueles que possuem, que fomentam e que acarinham o espírito livre.
(…)
Todo o mundo é composto de mudança… é uma afirmação definitiva, completa, essencial. Sim, é preciso mudar, mas como?
É que nem tudo pode mudar ao mesmo tempo. Se tudo mudasse num instante, perderíamos evidentemente a identidade. E o que faríamos, pobres de nós, sem a nossa identidade? Mais, o que seria de um país, como um grande navio à deriva, em busca de identidade?
Aqui reside o segredo da adaptação à mudança: é em saber o que deve ser mudado e, ao mesmo tempo, o que não se deve mudar. É para isso que serve a cultura.(…)
As incertezas trazem as possibilidades de futuros múltiplos. Teremos, pois, de saber escolher um deles, um caminho que conduza a uma solução colectiva portadora de esperança.
Nunca, em tempo algum, houve apenas uma alternativa, nem ontem, nem hoje, nem certamente amanhã.
Pensar, acreditar no futuro, não é necessariamente uma posição de optimismo, antes o resultado de uma profunda confiança nos outros, nos nossos semelhantes, nos nossos concidadãos.
Essa confiança foi a nossa grande arma na caminhada ao longo dos séculos.(…)
Portugal está em terra, nos mares, nos ares e, em breve, espero, no espaço.
A memória das gentes portuguesas e o seu formidável contributo para a revolução geográfica da modernidade, mostrando a existência de novos territórios, de novos povos desconhecidos «e o que mais é – de novos céus e novas estrelas» na frase magistral de Pedro Nunes, dão-nos a autoridade moral para falarmos, neste dia, em nome da humanidade.
E o que temos para dizer em nome da humanidade?
Temos, em primeiro lugar, a obrigação de afirmar que a humanidade precisa de se lançar numa nova grande transformação, numa enorme mudança que elimine as causas estruturais das tragédias que afligem a condição humana: a guerra; a pobreza; as migrações, com o seu cortejo de exclusões e epidemias; a perda de sentido, que arrasta consigo a superstição e os fantasmas esquálidos do passado.(…)
Em segundo lugar, temos de realçar a importância fundacional dos nossos valores e das nossas percepções, da nossa cultura e sobretudo da educação, como instrumentos centrais da nossa capacidade de adaptação à mudança e de aprendizagem com vista à sustentabilidade das nossas sociedades.(…)
Finalmente, em terceiro lugar, temos de declarar que é intolerável que qualquer democracia seja tutelada por poderes de natureza anti-democrática. (…)
Só o poder político democrático tem o direito de governar o mundo.
(…)
A identidade, numa sociedade moderna, não depende apenas dos seus dois factores tradicionais – o património, e a cultura.
Não, a identidade, hoje, sustenta-se igualmente num terceiro factor importantíssimo: a ideia do futuro. Este aspecto fundamental não pode ser subestimado – no mundo, hoje, sem projecto não há identidade.(…)
Um país é muito mais do que um conjunto de indicadores de natureza económica e financeira.(…)
O futuro de um país passa principalmente pelas expectativas, pelas estratégias e pela vontade dos seus cidadãos mais activos, mais criativos, mais inconformados. Aqueles que possuem, que fomentam e que acarinham o espírito livre.
O texto integral da intervenção do prof. João Caraça está disponível através do seguinte endereço: http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=109635
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