Sob
este título, o portal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES)
dá-nos conta de uma importante iniciativa (ver aqui):
a da obrigatoriedade de público acesso aos resultados de projectos de
investigação – publicações e dados científicos – que tenham tido origem em
financiamento público. Pode ler-se no corpo da notícia:
A
criação de condições e mecanismos efetivos de acesso e de partilha do
conhecimento democratiza-o e contribui para a igualdade na formação e a
capacitação científica, possibilitando a transferência de conhecimento e
estimulando a apropriação social da ciência.
Esta decisão soma-se a outras iniciativas
que o MCTES tem tomado nesta legislatura e que expressam a preocupação de
promover um amplo acesso ao conhecimento, melhorar as condições da sua
regulação por parte das instituições públicas e garantir, ao longo da
legislatura, condições de previsibilidade e de sustentabilidade do
funcionamento do sistema de ciência tecnologia e ensino superior. Estes objectivos
norteiam a Política Nacional de Ciência Aberta cujos princípios orientadores
nos foram dados a conhecer já em Fevereiro passado. No preâmbulo do documento
em que tais princípios se expressam (ver aqui),
vem escrito:
O acesso à ciência e ao conhecimento é
indispensável a uma sociedade mais informada e mais consciente do Mundo que
habita, contribuindo para a tornar mais humana, mais justa e mais democrática e
onde o bem-estar seja partilhado por todos.
Constitui
esta uma visão diametralmente oposta à que impregnava a concepção de processo
científico e de produção de conhecimento detida pelo anterior Governo e que deu
lugar às desastrosas consequências que bem conhecemos: retrocesso de anos em
vários domínios, bem retratado por indicadores indesmentíveis; reforço das
restrições orçamentais às condições de produção e apropriação do conhecimento e
da ciência, contribuindo para reforçar a sua elitização; subalternização das
áreas do conhecimento e domínios científicos - como as ciências sociais e
humanas - cujos resultados de investigação se prestam pouco à parceria com o
grande negócio internacional; em suma, anulação das potencialidades da ciência
e do conhecimento para exercerem o seu papel como factores de desenvolvimento
económico sustentado e inclusivo.
Consiga
esta nova forma de abordagem rodear-se das condições políticas e inter institucionais
que garantam uma implementação efectiva destes princípios e medidas e
estaremos, então, em presença de um novo paradigma em que o conhecimento
estará, assim, ao serviço do desenvolvimento económico e social. Mas não
tenhamos ilusões, os escolhos a enfrentar são grandes e desafiam a capacidade
de decisão do MCTES enquanto responsável e regulador do processo de
conhecimento: a transferência do conhecimento e a apropriação social da ciência,
referidas na primeira transcrição, dependem muito de decisões a tomar por
outros centros de decisão, como os Ministério da Educação (desenvolvimento e
qualidade das aprendizagens) e Ministério do Planeamento e Infraestrururas
(financiamento das políticas de inovação, por exemplo).
Conseguirá
a habitual visão compartimentada das diferentes tutelas vir a dar lugar às
indispensáveis concepção global e intervenção articulada e consistente?
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