A aprovação, pela União Europeia, do projecto
de Orçamento de Estado para 2016, marcou o fim de um período de grande
incerteza quanto ao possível desfecho das negociações, tão arreigada estava na
opinião pública a ideia de que não havia alternativa à política seguida pelo
último governo e de que qualquer mudança seria desbaratar os frutos (aliás de
má qualidade) dos sacrifícios suportados pelos portugueses ao longo dos últimos
cinco anos.
A ideia de que o pior estava ultrapassado e
se abria um horizonte de progresso, alimentada com algumas promessas de última hora, conquistou largas
franjas da população, tendo estas, acríticamente, absorvido a mensagem
mediática que lhes foi persistentemente dirigida - com notável eficácia, há que
reconhecer.
O que temos pela frente são tempos difíceis que
só podem ser enfrentados com êxito se se tornar claro que as opções de política
governamental vão obedecer ao desígnio de promover uma sociedade mais justa e
inclusiva, conquistando para tal a adesão dos agentes capazes de para ela
contribuírem, num processo que nunca estará verdadeiramente concluído.
Temos presente que vivemos numa sociedade de
informação, em que a tecnologia permite o transporte rápido de grande massa de
informação e também dispõe da possibilidade de influenciar o pensamento dominante,
o que prejudica a capacidade crítica das
pessoas e das organizações e o seu empenhamento
nas políticas públicas, sobretudo se estas não servem o seu interesse imediato.
Instrumental do progresso social será então
permitir que floresça uma opinião pública genuína, ou seja, uma opinião imune à
instrumentalização por grupos poderosos e capaz de formar juízos críticos
independentes e esclarecidos, como é próprio de uma sociedade democrática.
À propaganda simplista de falsas verdades -
tão perigosa quanto eficaz - há que passar a contrapor a exigência de
informação rigorosa e o debate livre na sociedade civil, para que esta seja um
instrumento de defesa do bem - comum, sem se deixar prender na armadilha dos
pequenos e dos grandes interesses.
Da Comunicação Social espera-se que cumpra
com ética a sua função, com independência face a grupos poderosos que sempre
podem comprar mais tempo de publicidade a seu favor.
È particularmente relevante e oportuna a reflexão feita neste post por Isabel Roque de Oliveira. Ainda ontem um deputado aproveitou um tempo nobre de antena para fazer passar a ideia (falsa) de que o OE 2016 previa a maior carga fiscal de sempre, alertando os seus ouvintes para os riscos de se virem a perder os tão bons(?!!!) resultados alcançados por políticas anteriores. Em que dados fundamentou esta afirmação? Saberá o senhor deputado que a apreciação de uma qualquer fiscalidade depende dos fins a que se destinam os impostos e do modo mais ou menos equitativo com que se obtêm as receitas? Este exercício de ojectividade é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa e solidária.Face à complexidade da situação, de todos os líderes políticos, governo e oposição, como também da comunicação social, se exige rigor, transparência e objectividade de análise e positividade das suas propostas.
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