Com data de 10 de Fevereiro de 2016, um grupo
de 82 economistas franceses assinou um manifesto onde explicitam as linhas
mestras de uma nova orientação da economia para tornar possível a saída da actual situação de impasse.
O texto na íntegra pode lêr-se aqui.
Aí se constata que ... O desemprego, a
precariedade, as dificuldades para fazer face aos finais de cada mês, marcam a
vida de milhões dos nossos concidadãos. Às dificuldades da vida material, soma-se
a perda de esperança, o sentimento de que não há futuro para o nosso país e
para os nossos filhos.
Os economistas põem em evidência as consequências
da terapia de choque aplicada na Europa do Sul (Grécia, Portugal, Espanha), em
particular o afundamento da actividade económica, a explosão do desemprego e da
pobreza, a crescente dívida pública, e propõem a abertura do debate sobre um
plano para saír da crise, envolvendo três dimensões:
- Um
novo pacto produtivo, simultâneamente ecológico e social;
- Um
programa de apoio à actividade empresarial e ao emprego;
- A reversão das regras europeias que são
obstáculo a uma política de reanimação da economia e um verdadeiro plano de
investimento europeu, centrado na transição ecológica e aplicado de forma mais
ampla nos países em dificuldades.
Os signatários defendem que a França deveria
propor a reorientação das regras europeias aos seus parceiros da Europa, designadamente
à Alemanha e, em caso de bloqueio, dirigi-la aos países que o desejem,
salientando que Portugal, Grécia, Itália e Espanha representam, somada a
França, mais de 50% do PIB da zona euro.
Há que reconhecer que é inglório pretender alcançar
grandes resultados por acção de um só país. Já outra pode ser a força de um
grupo de países que têm em comum o facto de serem os mais directamente
afectados pelos efeitos assimétricos do funcionamento da zona euro. A abertura
de um diálogo a este nível, proposta pelos economistas, faz pois todo o sentido
e é cada vez mais urgente.
Como argumenta Thomas Piketty
no artigo que publicou a 25 deste mês, em The New York Review of
Books, A new Deal for Europe, só uma refundação genuinamente democrática e
social da zona euro, dirigida ao estímulo ao crescimento e emprego, alinhada em
torno de um pequeno núcleo de países dispostos a liderar pelo exemplo e a
desenvolver as suas próprias novas instituições políticas, será suficiente para
contrabalançar os odiosos impulsos nacionalistas que agora ameaçam toda a Europa.
Dispomos já do contributo de reputados
cientistas sociais que permitem avaliar
os problemas originados pelas políticas de austeridade, sendo quase consensual
que, tal como foi criada, a zona euro não tem possibilidades de se manter no
futuro.
Contudo, quanto à forma de a reformar, as
propostas conhecidas são diversas, desde as meramente pontuais até às mais
radicais.
Trata-se de uma questão política de enorme responsabilidade e que, por
esta razão, deve ser tomada com base em larga participação democrática,
procurando, na medida do possível, alcançar um consenso entre as diferentes
correntes defensoras do projecto europeu.
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