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26 março 2015

O que esperar do Pós-Troika?


As previsões que têm vindo a ser apresentadas para o período pós-programa do ajustamento merecem alguma atenção.
O FMI, no seu mais recente relatório sobre Portugal, corrige para baixo as projecções macroeconómicas do governo e traça um cenário desfavorável para os anos futuros, caso não se prossiga com as “reformas estruturais”. Em suma, defende a continuação das políticas de austeridade, como meio para se conseguir obter, a prazo, um crescimento económico mais significativo.

O governo tem vindo (quem diria?), mais recentemente, a contestar as posições do FMI, traçando um quadro de alívio da austeridade, em resultado do “sucesso” do programa de ajustamento e dos efeitos positivos da descida do preço do petróleo, da desvalorização do euro e da continuação de taxas de juro baixas.
Do lado da União Europeia, esperam-se resultados favoráveis com a implementação pelo BCE da “Expansão quantitativa”, destinada a lançar liquidez nas economias europeias e a adopção do plano Juncker, desenhado para incentivar o investimento, cuja debilidade tem sido apontada como um dos entraves ao crescimento na Zona Euro.

Afinal, em que ficamos?
Não será que os efeitos esperados para a economia portuguesa têm apenas a ver com a condução de políticas conjunturais, com resultados de curto prazo, e que nos continuamos a debater com a ausência de uma estratégia de médio prazo para o desenvolvimento?

Por outro lado, importa regressar às razões da situação actual. Ora, estas razões têm sido colocadas, pelo pensamento dominante, do lado do desequilíbrio das finanças públicas e do crescimento da dívida. No entanto, são também cada vez mais os que afirmam que não é a situação das finanças públicas que tem prejudicado o crescimento económico, mas sim a insuficiência da procura. Acresce que a arquitectura da Zona Euro tem vindo a agravar, se não a impossibilitar, a resposta aos problemas com que nos debatemos, ao favorecer as assimetrias, provocadas pelos desequilíbrios da balança de pagamentos em regime de câmbios fixos.  

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