A propósito da crise, de que todos falam e muitos sentem pelos seus efeitos devastadores nas suas vidas, Koldo Aldai interroga-se: Para que nos serve a crise?
E ele mesmo responde: (a crise serve) Para parar, reflectir, e começar de novo. Agora com novos princípios, outros valores, com outro norte. A crise serve-nos para reorientar o futuro particular e colectivo. Talvez o ritmo e o estilo da vida anteriores estivessem errados? Talvez seja falsa a ideia de felicidade associada à acumulação de coisas materiais?
E eu acrescento a este lote de interrogações mais as seguintes:
• Talvez a polarização da economia em torno do maior lucro e do negócio sobre o dinheiro, como se este fosse uma mercadoria e não um mero instrumento, não fosse acertada?
• Talvez o excesso de competitividade, entre as pessoas, trabalhadores, empresas e países, tenha provocado o desaproveitamento de recursos potenciais importantes e subestimado o valor do sentido cooperativo?
• Talvez a presunção de que o crescimento económico era um fim em si mesmo e não tinha limites tivesse feito esquecer que o verdadeiro desenvolvimento não deve confundir-se com o mero crescimento económico e deve, isso sim, proporcionar melhoria da qualidade de vida das pessoas, sustentabilidade ambiental, equidade e coesão social?
• Talvez o princípio do interesse egoísta e individual em que assentou alguma ciência económica tenha determinado modelos de compreensão da economia que serviram de justificação a políticas que não buscam a felicidade e a realização humana, não garantem o bem comum, nem acautelam devidamente o interesse das gerações futuras?
Todos os dias nos falam da crise e, não apenas se fala, como também, em muitos dos nossos quotidianos, deparamos com as suas manifestações, por vezes agudas e trágicas: situações de desemprego ou trabalho precário, grande desigualdade na repartição da riqueza e do rendimento, pobreza para muitos, negócios de uma vida inteira que não conseguem vingar, etc.
Nunca é tarde demais para repensarmos as nossas escolhas e os valores nelas implícitos e de o fazermos segundo critérios respeitadores de uma ética universal património da Humanidade.
Repensar as nossas escolhas não é tarefa reservada aos economistas ou aos políticos; é, cada vez mais, uma exigência que se coloca à consciência de cada cidadão e de cada cidadã.
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