Retoma-se aqui a interrogação do World Work Report 2010, da Organização Internacional do Trabalho (ILO), publicado no final de 2010 a que importa regressar, mais uma vez, neste período de dificuldades acrescidas.
Tendo-se constatado que as perspectivas quanto à obtenção de níveis de emprego idênticos aos do período pré-crise apontam, na generalidade das economias avançadas, apenas para o ano de 2015, em vez de 2013, tal como era suposto no ano anterior, justifica-se que nos interroguemos sobre a margem de manobra dos governos no apoio à recuperação do emprego, com redução, ao mesmo tempo, dos deficits orçamentais.
O Relatório de 2010 defende que os magros resultados que têm vindo a ser conseguidos, apesar das melhores performances registadas nalguns países em desenvolvimento e nas economias emergentes, se devem à insistência na austeridade e no facto das causas da crise actual não terem sido convenientemente abordadas.
Daí que as propostas para uma saída sustentável da crise assentem em três eixos:
• Reforço das políticas centradas no emprego, de forma a reduzir o risco do crescimento do desemprego de longa duração e do aumento da informalidade no mercado de trabalho.
• Crescimento conduzido pelo rendimento nas economias emergentes e nos países com excedentes, com a finalidade de apoiar a recuperação a nível mundial, e de facilitar a criação de empregos tanto nos países com deficits como com excedentes.
• Reforma financeira, através das medidas que têm vindo a ser discutidas a nível mundial, de modo que as poupanças sejam canalizadas para os investimentos produtivos e os empregos se tornem sustentáveis.
Face à degradação do clima social, à redução do nível e qualidade de vida, à menor satisfação no trabalho, ao sentimento de aumento das injustiças e das desigualdades e à menor confiança nos governos, a estratégia defendida pela ILO pretende contribuir para a coesão social e permitir a adopção de políticas inclusivas, como forma de saída da crise.
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