Nos últimos dias, a comunicação social tem trazido ao conhecimento público testemunhos de generosidade e solidariedade com os mais pobres, exemplos que não devem ser subestimados. Também ficamos a perceber que a população portuguesa está cada vez mais consciente de que esta crise e as medidas que vêm sendo adoptadas para a enfrentar trazem consigo maior empobrecimento para os que já eram pobres e nova e inesperada pobreza material para muitos outros que, ainda há pouco tempo, viviam com desafogo económico. Porque mais informados e conscientes, os portugueses e as portuguesas mostram-se mais propensos à ajuda ao próximo, o que é de louvar.
Não basta, porém, ficar neste nível superficial de análise, nem satisfazer-nos com o supostamente elevado montante das dávidas que irão minimizar a carência de bens básicos para umas centenas de milhares dos nossos concidadãos empobrecidos. É que não ter autonomia para poder dispor de um rendimento suficiente para satisfazer as necessidades do próprio e da sua família, de acordo com o padrão corrente na sociedade em que vive, é ser pobre. A dependência material forçada é, por si só, uma condição de pobreza, inaceitável à luz dos direitos humanos e dos princípios por que se regem as sociedades democráticas e, por isso, importa recordá-lo e re-afirmá-lo, mormente quando o espantalho da crise e da fatalidade das medidas de austeridade ameaçam fazer correr uma cortina de silêncio sobre este adquirido civilizacional.
Não nos iludamos com a generosidade ocasional, pois o maior desafio continua a ser o de permitir viabilizar, no nosso País, uma economia real, integrada e sustentável, que gere emprego para todos, assegure a justa repartição do rendimento, proporcione qualidade de vida e bem-estar colectivo e erradique a pobreza.
Não nos iludamos com a generosidade ocasional, pois o maior desafio continua a ser o de permitir viabilizar, no nosso País, uma economia real, integrada e sustentável, que gere emprego para todos, assegure a justa repartição do rendimento, proporcione qualidade de vida e bem-estar colectivo e erradique a pobreza.
Nas presentes circunstâncias, há sinais evidentes de que o actual modelo económico globalizado e dominado pelo capital financeiro dá mostras de perigosas derrapagens (desemprego massivo; crise financeira; desordem e sinais contraditórios nos mercados, riscos de implosão social). Por conseguinte, sem prejuízo dos esforços a empreender a nível da macroeconomia para corrigir as disfunções do sistema e atenuar os efeitos dos seus malefícios, há que olhar para a construção urgente das bases de uma nova economia integrada e sustentável, investir no melhor aproveitamento das potencialidades do desenvolvimento local, isto é, no aproveitamento dos recursos humanos (absorção do desemprego local e sua ocupação em actividades produtivas e de utilidade social) e das sinergias que a tecnologia ou a mera proximidade geográfica e social potenciam. Cabe, certamente, às Autarquias um papel relevante na elaboração de estratégias e planos de desenvolvimento dos territórios de sua jurisdição com a participação da respectiva população e instituições locais e com mais amplo recurso á economia social.
O fomento do desenvolvimento local associado ao incremento da economia social nas suas múltiplas vertentes (cooperativas, mutualidades, associações, fundações e empresas de economia solidária) é uma combinação virtuosa, não só para minimizar as consequências da presente crise, como para lançar as bases para um novo modelo económico. [ Ler mais ]
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