Já aqui foi dito, num texto publicado em 9 de Dezembro, que não existe incompatibilidade entre a dinâmica da incerteza na evolução das sociedades e a necessidade de planeamento. O futuro é, contudo, cada vez mais incerto, uma vez que factores de natureza tecnológica, económica, política, social, cultural e ambiental vão obrigar a mudanças que impõem a adaptação a novos contextos. Mas, tal como no passado, sendo a previsão uma das componentes essenciais do planeamento e da planificação, a nova importância atribuída ao compromisso entre os actores exige, com maior premência, que se operacionalize um novo tipo de planeamento, que resulte de uma alteração de paradigma, com cortes fundamentais face ao presente e próximo futuro.
A execução e o ajustamento do plano exigem também uma flexibilidade acrescida, com um acompanhamento constante dos resultados obtidos. A exemplo do que acontece com a elaboração do plano, a flexibilidade pretendida pode ser potenciada através da utilização das novas tecnologias e dos dispositivos científicos para gerir a informação e colocá-la ao serviço das necessidades impostas pelas alterações que se vão fazendo sentir. O recurso à inteligência artificial e à digitalização abrem perspetivas novas, diferentes das do passado, que o novo paradigma terá que saber endogeneizar. Não se desconhece, entretanto, o desafio colocado pela interpretação de um volume cada vez maior de informação e pela sua conveniente utilização.
Para prosseguir com as exigências impostas por um planeamento flexível e ajustado às mudanças em curso é, entretanto, necessário que se proceda à requalificação da informação, designadamente por intermédio da utilização de novos indicadores económicos e sociais. A ONU, a OCDE e o EUROSTAT têm vindo a realizar um trabalho considerável, neste domínio, alargando o campo de aplicação dos indicadores meramente económicos às actuais exigências de cariz social, cultural e ambiental. De facto, a prossecução de objectivos de bem-estar exige uma atenção acrescida à luta contra as desigualdades, ao favorecimento da igualdade de oportunidades e da mobilidade social e à preservação do ambiente, o que concede uma importância acrescida aos novos indicadores, sob pena do planeamento não corresponder a essas exigências.
Uma referência particular deve ser feita às actuais preocupações com as alterações climáticas, portadoras de disrupções causadoras de fenómenos extremos, cada vez mais frequentes. Estes fenómenos vão repercutir-se sobre os equilíbrios naturais que asseguram uma envolvente adequada à saúde humana e ao bem-estar das populações, o que exige uma renovada aliança entre o Homem e a Natureza. Sendo assim, a execução e ajustamento do plano terão igualmente que dispor de novos indicadores, vocacionados para acompanhar e corrigir o impacto das políticas sobre o ambiente, o que constitui uma preocupação nova face ao passado.
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