São
muitos os textos, declarações, manifestos e apelos que têm surgido a propósito
da pandemia do COVID-19.
As
Academias Pontifícias de Ciências e de Ciências Sociais divulgaram também uma Declaração
(http://www.pas.va/content/accademia/en/events/2020/coronavirus.html), que pretende chamar a atenção para
a necessidade de acção, com base nas lições a curto e longo prazo, e dos
futuros ajustamentos das prioridades, ao longo de cinco pontos:
- Reforçar a acção e as respostas precoces
Estes
esforços terão que ser realizados por todos: governos, instituições,
investigadores e sociedade civil, de forma coordenada e transparente.
- Alargar o apoio da ciência e das acções das comunidades científicas
Trata-se
da única forma de detectar, responder e prevenir ou mitigar as catástrofes
ligadas às pandemias. Não deve ser esquecida a necessidade de conhecer melhor
os fundamentos psicológicos do comportamento humano nas situações de stress
colectivo, de modo a decidir sobre a governança estratégica adequada à resolução
da crise.
- Proteger os pobres e os mais vulneráveis
Embora
a COVID-19 constitua uma ameaça comum a todos, há grupos mais expostos. É o
caso: dos trabalhadores da saúde, onde as mulheres constituem a maioria e se
arriscam a sofrer das mesmas discriminações presentes noutras áreas do trabalho;
dos grupos mais vulneráveis; dos refugiados e migrantes; e dos portadores de
outras doenças. Daí a importância das políticas públicas de saúde.
- Configurar as interdependências e a ajuda entre e dentro das nações
A
tendência para a procura de protecção acrescida através do isolacionismo
nacional mostrou-se contraproducente. Pelo contrário, é necessária uma maior
cooperação global, o que pressupõe organizações internacionais devidamente
equipadas e apoiadas para o efeito. Embora seja necessário, por vezes, fechar
fronteiras, para lutar contra o contágio, elas não podem constituir barreiras ou
impedirem o auxílio entre nações. Os problemas ligados às pandemias ou às
alterações climáticas exigem respostas solidárias globais. Depois de controlado
o CIVID-19 não se pode voltar ao “business as usual”. É necessário levar a
efeito uma revisão das perspectivas mundiais, estilos de vida e valorações económicas de curto prazo, de modo a lidar com
as alterações em presença. Em síntese, precisamos de uma sociedade mais
responsável, mais igualitária, mais cuidadora e justa se quisermos sobreviver.
A actual crise deveria encorajar os esforços para encontrar um novo – no
sentido de diferente – modelo de globalização, desenhado para uma protecção
inclusiva de todos.
- Reforçar a solidariedade e a compaixão
Para
além da agenda científica, técnica e de saúde, não podemos esquecer a coesão
social. As Igrejas, bem como as comunidades de todas as fés, são chamadas à
acção. O paradoxo actual é o de que a solidariedade é realizada através do
isolamento, por razões de saúde. O paradoxo é apenas aparente porque o acto de
ficar em casa é um acto de profunda solidariedade. A pandemia ensina-nos que
sem solidariedade, a liberdade e a igualdade são palavras vazias (Papa
Francisco).
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