Já todos nos apercebemos do estado crítico em que o mundo se encontra.
A evolução recente do nosso modo de vida baseia-se numa economia que ignora princípios básicos do ecossistema mais vasto que a alimenta, nomeadamente o da biocapacidade de regeneração do planeta.
Um economia que tem vindo sistemática e paulatinamente tentando sobrepor o individualismo e a competição (eufemisticamente designada nos tempos que correm por competitividade) a valores inquestionáveis da humanidade, como sejam os da solidariedade e da cooperação.
Tal trajectória levou-nos a que hoje seja o valor supremo – o valor da Vida (humana e a de todas as outras espécies) – que está em causa: se não arrepiarmos caminho já , alertam-nos abalizados cientistas, extinguir-se-ão as condições de vida na Terra dentro de aproximadamente três décadas, num processo gradativo e, ao que tudo indica, exponencial.
Movimentos, manifestações, petições e figuras proeminentes que vão desde o Papa Francisco aos mais recentes secretários gerais da ONU têm vindo a apelar insistentemente à alteração deste paradigma.
Inspirados pelo exemplo da jovem de 16 anos Greta Thunberg, que se recusa a deslocar-se de avião por ser um meio de transporte altamente poluente, que faltou às aulas para se sentar frente ao Parlamento sueco reivindicando medidas contra o aquecimento global e que, com uma notável lucidez, se interroga sobre a utilidade de aprender hoje correndo o risco de não poder viver amanhã, jovens estudantes por todo o mundo tomam consciência e posição, exigindo o mais sagrado dos direitos: o direito à Vida.
Com duas greves climáticas estudantis a 15 de Março e 24 de Maio últimos, agendaram já uma terceira para 27 de Setembro próximo, que, ao que consta, pretendem que desta vez seja alargada a toda a população.
Mesmo que tal greve venha a restringir-se à população estudantil qual será a postura da generalidade dos professores?
Ser professor é viver de e para a cultura, da ciência à filosofia e às artes, da dúvida à descoberta. Ser professor é ser detentor privilegiado de uma das mais nobres profissões e do dever de esclarecer e apontar caminhos de evolução, de praticar cidadania.
Como dizia Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo”.
Qual a resposta dos professores aos alunos que peçam a sua opinião sobre esta greve?
Restringir-se-ão os professores a fazer greves apenas por razões salariais?
Pelo que conheço e pela opinião que tenho de boa parte dos professores portugueses, creio bem que não.
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