A economia ensinou-nos que a quantidade e a variedade de
bens são a medida do bem-estar individual. Daí que o consumo seja o grande objectivo
e a produção o instrumento para o conseguir. Sendo assim, os mercados mais do
que as comunidades, são a unidade e o objecto de análise.
Sem negar que a visão
centrada no consumo e no mercado produziu prosperidade, Dani Rodrik lembra que
as prioridades que vêm sendo apontadas à economia não são adequadas, tendo em conta os problemas claramente patentes nos acontecimentos recentes verificados, entre outros, nos
Estados Unidos e em Itália, bem como nas Filipinas e no Brasil (aqui ).
Rodrik socorre-se dos trabalhos publicados por dois outros
autores (Raghuran Rajan e Oren Cass) que colocam antes o bem-estar das
comunidades locais no centro da economia. “Famílias
estáveis, bons empregos, escolas fortes, espaços públicos abundantes e seguros
e orgulho nas culturas locais e história- estes são os elementos essenciais das
sociedades prósperas. Nem os mercados globais ou os estados-nações podem
satisfazê-los adequadamente e, por vezes, debilitam-nos”.
Rajan é um economista
da escola de Chicago e Cass esteve associado á campanha presidencial do
republicano Mitt Romney, o que não os impede de tratarem os mercados e a
híper-globalização com cepticismo.
“Quando
uma fábrica local fecha porque decidiu recorrer a um fornecedor fora das
fronteiras, perde-se mais do que as centenas (ou milhares) de empregos que se
movem para fora. O impacto é multiplicado através da redução das despesas com
bens e serviços locais, o que significa que os trabalhadores e os empregadores
da economia local vão sentir o golpe”. Nem a
maior flexibilidade do trabalho, que permite aos trabalhadores deixarem as
áreas deprimidas para procurarem empregos noutras partes, nem o aumento das
transferências sociais para os que foram mais afectados pelas mudanças,
constituem soluções sustentáveis. Apenas a criação e a expansão de empregos bem
pagos são adequados para vitalizar as comunidades locais. Para tanto, é
necessário experimentar toda uma vasta gama de políticas. É urgente a acção,
tendo em conta que as alterações tecnológicas em curso tendem a exacerbar os
problemas com que se debatem actualmente as comunidades locais.
É relevante que autores com o prestígio de Rodrik e outros chamem a atenção para a centralidade das comunidades locais como sujeitos da economia e, consequentemente,referência obrigatória na definição da política económica e avaliação do seu desempenho.
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