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19 setembro 2018

15 Setembro 2008 – uma década depois

Numa entrevista recente dada ao Guardian, o ex-primeiro ministro britânico, Gordon Brown, faz um inventário dos ingredientes propiciadores de uma possível repetição de colapso económico, com proporções, semelhantes ou ainda maiores, ao que sucedeu na crise despoletada pela falência do Lehman Brothers, há 10 anos atrás.

Em sua opinião, pouco se aprendeu com a experiência passada, nomeadamente com o reconhecimento das causas estruturais da crise de 2009 e seguintes e com uma avaliação rigorosa das consequências das políticas de austeridade então adoptadas pelo modelo neoliberal.

Uma década depois, persistem as seguintes situações: insuficiente regulação do sistema bancário e, sobretudo, inadequada responsabilização por parte dos banqueiros, pese embora algumas medidas no sentido de maior transparência e controlo sobre a actividade dos bancos, entretanto adoptadas; a descoordenação global no que se refere à irrupção de bancos sombra, actividade de concessão de crédito em mercados paralelos e outras práticas fora de controlo por parte dos estados e instâncias mundiais apropriadas; sequelas, ainda muito visíveis, resultantes das políticas de austeridade seguidas no combate à crise; disputa agressiva no âmbito das relações comerciais, com recrudescimento do proteccionismo e do populismo.

Os problemas que estiveram na génese do colapso de 2008 mantêm-se latentes e com agravantes decorrentes de mudanças demográficas, acelerada revolução tecnológica e digital e políticas geo-estratégicas. Acresce que as actuais lideranças políticas, a nível dos estados e supranacionais, evidenciam sinais de grande miopia, debilidade e sonambulismo.

Nas palavras de Gordon Brown, referindo-se ao caso do Reino Unido: As penas para fraudes não aumentaram suficientemente. Os banqueiros não têm medo de ser presos por mau comportamento. Não se enviou mensagem forte o suficiente de que o governo não irá resgatar instituições que não colocaram a casa em ordem.

Daqui a sua recomendação e o seu desabafo, que deve ser tomado a sério, tanto pelo seu país como pelos demais que integram o sistema económico e financeiro global. 

A sua recomendação: Terá de haver um severo despertar para a escalada dos riscos.  

O seu desabafo: mas estamos num mundo sem líderes.

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