Segundo o Público de hoje, o
Ministério para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) acabou de
lançar o Observatório
do Emprego Científico com o fim de monitorizar o progresso nas
contratações dos bolseiros de investigação e ciência.
Desde há muito marcado pela
extrema precariedade, ao emprego daqueles bolseiros tem vindo a ser
sucessivamente prometido o estabelecimento de contratos estáveis, sem que no
entanto se tenham assistido a progressos significativos. Desde o início de 2017
apenas foram contratados 626 investigadores e docentes doutorados, “estando
actualmente em execução mecanismos que permitirão contratar mais 4526 doutorados”,
pensa-se que até ao final da legislatura.
Desde logo se coloca uma
questão: estarão criadas as necessárias condições políticas e institucionais
para que se verifique um tão substancial incremento em escasso período de
tempo? Segundo a notícia, a responsabilidade pela escassez dos resultados até
agora verificados deve-se, essencialmente, aos Reitores e outras autoridades
académicas universitárias e dos politécnicos que poucos concursos abriram
entretanto. Também no mesmo sentido se pronunciou Sandra Pereira, Presidente da
Associação de Bolseiros de Investigação e Ciência em entrevista publicada no Expresso da
última semana Mas, por outro lado, constatamos que a evolução das dotações
orçamentais públicas para I&D se tem mostrado oscilante também nesta
legislatura, o mesmo sucedendo – em consequência? com as despesas em I&D com
o Ensino Superior em percentagem do PIB (PORDATA).
E não teremos nós
investigadores a mais? A consulta daquela base de dados mostra-nos que não, em
especial quando nos confrontamos com a Espanha e a Itália, por exemplo, em
termos de indicadores correspondentes e equivalentes em tempo integral. Também
o trabalho nos centros de investigação nos revela aquela insuficiência da qual
resultam frequentemente dificuldades em dar continuidade a projectos de
investigação em curso. Não pode deixar de se chamar aqui a atenção para um
outro aspecto institucional que tem constituído um verdadeiro factor de
bloqueio: o funcionamento errático, obscuro e muitas vezes incompetente da
Fundação para a Ciência e a Tecnologia onde parece nada ter mudado ainda.
Ainda uma nota. Lendo a
Informação do MCTES de 10 de Julho último, relativa à constituição do
Observatório acima referido, constatamos que o esforço anunciado deverá vir a
decorrer do contributo conjunto de diversas instituições e programas, como o
PREVAP – Programa de Regularização de Vínculos Precários da Administração
Pública, que não foi especificamente desenhado para esta situação. O que nos mostra,
por um lado, que o MCTES não terá capacidade, por si só, para levar a cabo o
processo de estabilização do pessoal de investigação a que se propôs, mas que
também dá conta do seu empenhamento em convocar e gerir a articulação das
instâncias capazes de para tal contribuir. Assim estas venham a cooperar
efectivamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários estão sujeitos a moderação.