A informação estatística divulgada pelo
I.N.E. no “ destaque” de 9 de Agosto de 2017 reveste-se da maior importância
para todos os que se preocupam com as questões do Emprego em Portugal.
Alguns aspectos da evolução no 2º trimestre
merecem ser destacados:
- a quebra na taxa de
desemprego, estimada em 8,8 para o 2º trimestre de 2017, menos 2,0 p.p. do que
no trimestre homólogo de 2016;
- a redução do número
de pessoas desempregadas em relação ao trimestre homólogo, mas que ainda atinge
461,4 mil pessoas;
- o acréscimo trimestral
(+102,3 mil pessoas) da população empregada, e, em relação ao trimestre
homólogo, o maior aumento desde o 4º trimestre de 2013;
- a redução da taxa
de desemprego dos jovens (15-24 anos) mas ainda muito elevada, 22,7%;
- a redução da percentagem
dos jovens (15 – 34 anos) não empregados, nem em educação ou formação, mas que
representam ainda 10,8%;
- a quebra de 4,9
p.p. na proporção dos desempregados de longa duração, mas ainda 59,2%.
Sem deixar de saudar esta evolução o certo é
que é ainda muito prematuro concluir que se está perante uma retoma sustentada
do emprego.
De resto, o desemprego não é uma medida
exaustiva da quantidade de trabalho sub-utilizada, sendo importante ter em
linha de conta o conceito de sub-emprego.
Regista-se, pois, com o maior interesse, o
facto de o INE anunciar que passará a divulgar um importante indicador
suplementar de desemprego – a sub-utilização do trabalho – bem como a taxa
correspondente (taxa de sub-utilização do trabalho). Trata-se de uma forma de
reflectir estatisticamente a situação daqueles que, não sendo “inactivos puros”,
nem totalmente equiparados a desempregados, têm alguma ligação ao mundo do
trabalho.
Os dados estatísticos indicam uma preocupante
sub-utilização do trabalho, abrangendo mais de 900.000 pessoas.
Desta forma, mais do que sublinhar o
refinamento estatístico, o que importa é que passe a ser dada maior atenção àquele
grande conjunto de pessoas, não desempregadas oficialmente, mas que são a face
oculta do desemprego, cuja qualidade de vida é sistematicamente prejudicada
pela sua não inclusão satisfatória no mundo laboral.
Está em causa a nossa capacidade de renovação
da sociedade de trabalho, em que todos possam contribuir para realizar a utopia
do pleno emprego.
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