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01 agosto 2016

Como responder positivamente a uma época de medo e incerteza?

Nas últimas semanas têm-se multiplicado os sinais que reforçam o medo e a incerteza que vêm ameaçando o mundo ocidental e, como diz Zygmunt Bauman, um prestigiado filósofo e sociólogo polaco, os demónios que nos perseguem não vão evaporar-se, porque a sua origem tem a ver com os próprios elementos constitutivos da nossa sociedade e das nossas vidas.

Numa ampla entrevista, que vale a pena ler na íntegra, entre outras afirmações, destaco esta:

As raízes da insegurança são muito profundas. Fundam-se no nosso modo de vida, são marcadas pelo enfraquecimento dos laços interpessoais, pelo desmoronamento das comunidades, pela substituição da solidariedade humana pela concorrência sem limites, pela tendência de confiar nas mãos dos indivíduos a resolução de problemas de relevância mais ampla, social. O medo gerado por essa situação de insegurança, em um mundo sujeito aos caprichos de poderes económicos desregulados e sem controles políticos, aumenta, difunde-se para todos os aspectos das nossas vidas. E esse medo busca um objetivo para se concentrar. Um objetivo concreto, visível e ao alcance das mãos.

E, acrescenta apoiando-se em Ulrich Beck: no fundo da nossa atual confusão, está o facto de que já estamos vivendo uma situação "cosmopolita" – que nos verá destinados a coabitar de modo permanente com culturas, modos de vida e fés diferentes – sem ter desenvolvido completamente as capacidades de compreender as suas lógicas e os seus requisitos: ou seja, sem ter uma "consciência cosmopolita" (….) O choque está apenas começando.

Como responder aos novos desafios?

O entrevistador interpela: O senhor defendeu que as possibilidades de hospitalidade não são ilimitadas, mas também não o é a capacidade humana de suportar o sofrimento e a rejeição. Diálogo, integração e empatia, porém, requerem tempos longos...

Zygmunt Bauman responde com uma citação do Papa Francisco, extraída do discurso pronunciado no acto da entrega do prémio Carlos Magno: Sonho com uma Europa em que ser migrante não é crime, que promove e protege os direitos de todos, sem esquecer os deveres para com todos. O que te aconteceu, Europa, principal lugar dos direitos humanos, democracia, liberdade, terra natal de homens e mulheres que arriscaram e perderam a própria vida pela dignidade dos próprios irmãos?

E sublinha estas palavras acrescentando: Essas perguntas são dirigidas a todos nós; a nós que, como seres humanos, somos moldados pela história que ajudamos a moldar, conscientemente ou não. Cabe a nós encontrar respostas a essas perguntas e a expressá-las em actos e palavras. O maior obstáculo para encontrar essas respostas é a nossa lentidão para procurá-las.

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