No
rescaldo do escândalo dos Panama Papers assistimos ao lançamento de um certo
número de iniciativas, tanto a nível nacional como a nível internacional,
visando a procura de novas regras no domínio da transparência financeira e da
justiça fiscal.
Como
sempre tem sucedido ao longo de décadas, o caminho está cheio de armadilhas
pois perante a ameaça de que “o capital não tem pátria, especialmente quando
tem de pagar impostos” as medidas que se adoptam são tímidas e ineficazes.
Mas
há quem não desista e devemos saudar as iniciativas que não deixam cair no
esquecimento e iniquidade das práticas de evasão e fraude fiscal, assim como a
concorrência fiscal entre estados e os regimes especiais que concedem a certas
empresas em prejuízo dos magros recursos públicos.
Sabe-se
que ontem deram entrada na Assembleia da República nada menos do que dezasseis
Projectos de Lei e dois Projectos de Resolução sobre a transparência financeira
e fiscal, incluindo as relações com as “offshore”, como resultado de uma
iniciativa do Bloco de Esquerda e do pedido por este feito aos vários partidos
para apresentarem também as suas contribuições.
O
convite foi aceite pelo PS, PSD, CDS-PP e PCP. Quem, há menos de um ano,
poderia prever um tal resultado?
Veremos
com o decorrer dos trabalhos parlamentares, qual o grau de empenhamento de cada
um dos partidos na defesa dos meios legais mais aptos a obter resultados
concretos e que leis virão a ser aprovadas e postas em prática.
Em
qualquer caso, o que está em causa é demasiado importante para ficar apenas na
esfera parlamentar pelo que parece muito pertinente a chamada de atenção feita
pela Transparência e Integridade Associação Cívica (TIAC) - que é a
representante portuguesa da Rede Global Anti Corrupção Transparência
Internacional - para que seja levado a cabo um debate público mais alargado
acerca das matérias que estão a ser discutidas na Assembleia da República e
também nas instâncias internacionais.
Afinal,
devemos às várias iniciativas de organizações não-governamentais o estarem hoje
estas questões na agenda mediática, tornando possível reforçar a influência
democrática na forma de as abordar e resolver.
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