Decorridos trinta anos da assinatura, no
Verão de 2015, do Tratado de Adesão de Portugal à União Europeia, foi agora
recordado aquele acontecimento em discursos comemorativos, proferidos por diversas
entidades oficiais.
O que pensam hoje os cidadãos sobre o impacto dessa Adesão?
Será que se identificam como cidadãos
europeus?
A julgar pelos resultados do Eurobarómetro de
Agosto de 2015, a crescente desilusão das pessoas com a União Europeia é um
facto indesmentível.
Com efeito, aumenta a proporção de europeus
com opinião negativa sobre a U.E. sendo certo que a imagem, que era predominantemente
positiva, é agora predominantemente neutral.
É também hoje maior o pessimismo dos cidadãos sobre o futuro da U.E.,
o que está relacionado com as questões
económicas bem como com aspectos da actualidade política, como o
terrorismo e a crise dos refugiados .
À pergunta do Eurobarómetro sobre quais as
duas questões que os portugueses consideram mais importantes, a resposta citada
com maior frequência (62%) referiu o desemprego, logo seguido pela situação
económica (35%), o que é significativo de como nos situamos na U.E., onde
aquelas percentagens são, respectivamente, 36% e 19%.
Acresce que a maioria dos portugueses (58%),
pensa que a sua opinião não conta na U.E.,
o que de resto não é uma excepção, pois 54% na U.E. pensam do mesmo modo.
Este é um dos aspectos mais importantes num
futuro europeu que será marcado pela incerteza, tão complexos são os problemas
actuais e tão discordantes as opiniões sobre a forma de os resolver.
Se nada for feito para corrigir a evidente
falta de democracia da U.E., de tal forma que aos cidadãos seja dada a
possibilidade de fazerem ouvir a sua voz, envolvendo-os na preparação das decisões
que mais directamente afectam o seu
futuro, a ideia de cidadania europeia fica vazia de significado.
Em qualquer caso, quaisquer que venham a ser
novos arranjos institucionais na U.E.,
cabe aos nossos representantes nas diferentes instituições europeias, mostrar
determinação na defesa das politicas nacionais tendentes à reversão da actual
situação socio-económica, a qual é, em grande parte, resultado de uma atitude subserviente
face às imposições da troika.
Pretender, como referiu o primeiro-ministro, passar
da Europa das chancelarias à Europa dos
cidadãos não é um propósito ligeiro, antes implica um grau muito elevado de
exigência: o futuro dirá se, passo a passo, dele nos daremos conta.
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