Páginas do Blogue

12 novembro 2015

Centralidade do Desafio Ecológico

Em artigo hoje publicado, com o título Crise ambiental e condição humana: A propósito da Laudato si', Viriato Seromenho Marques destaca e desenvolve tópicos fundamentais da crise ambiental que atravessamos e comenta algumas das perspectivas apresentadas por aquela encíclica a propósito da centralidade do desafio ecológico e suas consequências para a condição humana e para a governação.
 
Para estimular a leitura na íntegra deste excelente texto, respigo alguns dos seus parágrafos.
 
•    Para compreender a centralidade do desafio ontológico e civilizacional da crise ambiental, não a podemos deixar refém de nenhuma área específica do conhecimento. O ambiente não é propriedade da física ou da biologia, nem sequer das mais recentemente designadas ciências da Terra. O ambiente só poderá ser compreendido em todas as suas implicações se mobilizar os esforços de todos os domínios do conhecimento, da cultura e da organização social, incluindo as ciências sociais e humanas.

•    Não se trata tanto de colocar em causa cada um desses elementos de modo autónomo e isolado (tecnologia, globalização, economia de mercado), que correspondem a capacidades e necessidades humanas, mas sim de compreender os laços patológicos que atualmente os unem numa errada hierarquia de valores. O segredo do futuro, passará por uma nova recomposição dos laços entre esses poderosos campos da experiência e da ação, numa nova aliança destinada a reconciliar a História e a Natureza. Sem essa recomposição, tanto a Terra como os mais pobres e deserdados continuarão a ser devorados no altar de uma conceção de crescimento, sem valores que a limitem e lhe confiram propósito.

•    A crise ecológica é uma ameaça comum global. Não existem santuários. Mais tarde ou mais cedo, essa crise atingirá, se não for feito o que é necessário, todas as latitudes e longitudes. Precisamos, por isso, de um modelo de sistema internacional baseado na cooperação determinada e vinculativa contra o perigo comum, defendendo os equilíbrios ecológicos e ambientais que são igualmente, do interesse comum de toda a humanidade.

•    Salvar a casa comum, proteger a Natureza, respeitar o ambiente, são sinónimos das tarefas que se colocam na agenda de uma dignidade humana que não se esgote numa mera enunciação retórica.

1 comentário:

  1. Cara Manuela Silva,
    Li atentamente o extraordinário documento que é a encíclica Laudato Si (sobre a qual escrevi no meu blog: http://transicao_ou_disrupcao.blogs.sapo.pt/laudato-si-um-manifesto-politico-sobre-20890). Li igualmente o artigo a que recomenda neste post e concordo com as reflexões nele contidas. No entanto, e tal como refiro no post que escrevi, não é de todo evidente que o texto do Papa Francisco vá ter as repercussões políticas que merecia, mesmo dentro da Igreja Católica. Aliás a conferência das NU (COP21) está aí à porta e as perspectivas são muito desanimadoras.
    Saudações,
    Álvaro Fonseca
    http://transicao_ou_disrupcao.blogs.sapo.pt/

    ResponderEliminar

Os comentários estão sujeitos a moderação.