No dia 23 de Outubro teve lugar, na Fundação Gulbenkian, uma
conferência internacional, cuja finalidade foi a de apresentar os primeiros
resultados do projecto “Regresso ao futuro: A nova emigração e a relação com a
sociedade portuguesa”. O projecto está ainda em curso, envolveu uma vasta gama
de instituições e investigadores nacionais e estrangeiros e foi coordenado pelo
Professor João Peixoto.
Este estudo partiu da dinâmica e da dimensão dos fluxos
emigratórios registados nos últimos anos, em particular as saídas verificadas
após a crise económica e financeira, e procurou avançar para as características
da emigração recente, através de entrevistas aos emigrantes.
Porque os dados têm vindo a revelar alterações relativamente
à posição ocupada pelos países de destino da emigração portuguesa, o projecto privilegiou
as saídas em direcção ao Brasil, à União Europeia, em especial Reino Unido,
França e Luxemburgo, a Angola e a Moçambique.
A análise dos fluxos emigratórios recentes e das suas
características teve lugar tanto no que se refere aos menos qualificados, que
continuam a ser predominantes, como aos qualificados, que conheceram um aumento
substancial, o que prefigura uma fuga de cérebros.
No que se refere às características e motivações dos
emigrantes, apesar das diferenças por país de destino, merece realce o facto de
não terem sido só os desempregados a saíram para fora. Para além dos
licenciados que foram procurar o seu primeiro emprego no estrangeiro, existe um
volume significativo de empregados que decidiram emigrar por receberem salários
baixos ou por não terem perspectivas de futuro.
Para além da pesquiza sobre os percursos e estratégias seguidos,
que revelaram alterações na forma como os candidatos à emigração se socorreram
ou não das redes existentes nos países de destino, foram também analisados os
contactos com Portugal.
Sendo Portugal um dos países mais deprimidos, em termos
populacionais, temos que perguntar se existirão marcas de uma reconfiguração e
mudança social profundas, o que torna imprescindível continuar a estudar o
tema, pelo que aguardamos com muito interesse a finalização e publicação dos
resultados do projecto.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários estão sujeitos a moderação.