28 outubro 2015

Há uma nova emigração portuguesa?


No dia 23 de Outubro teve lugar, na Fundação Gulbenkian, uma conferência internacional, cuja finalidade foi a de apresentar os primeiros resultados do projecto “Regresso ao futuro: A nova emigração e a relação com a sociedade portuguesa”. O projecto está ainda em curso, envolveu uma vasta gama de instituições e investigadores nacionais e estrangeiros e foi coordenado pelo Professor João Peixoto.
Este estudo partiu da dinâmica e da dimensão dos fluxos emigratórios registados nos últimos anos, em particular as saídas verificadas após a crise económica e financeira, e procurou avançar para as características da emigração recente, através de entrevistas aos emigrantes.
Porque os dados têm vindo a revelar alterações relativamente à posição ocupada pelos países de destino da emigração portuguesa, o projecto privilegiou as saídas em direcção ao Brasil, à União Europeia, em especial Reino Unido, França e Luxemburgo, a Angola e a Moçambique.
A análise dos fluxos emigratórios recentes e das suas características teve lugar tanto no que se refere aos menos qualificados, que continuam a ser predominantes, como aos qualificados, que conheceram um aumento substancial, o que prefigura uma fuga de cérebros.
No que se refere às características e motivações dos emigrantes, apesar das diferenças por país de destino, merece realce o facto de não terem sido só os desempregados a saíram para fora. Para além dos licenciados que foram procurar o seu primeiro emprego no estrangeiro, existe um volume significativo de empregados que decidiram emigrar por receberem salários baixos ou por não terem perspectivas de futuro.
Para além da pesquiza sobre os percursos e estratégias seguidos, que revelaram alterações na forma como os candidatos à emigração se socorreram ou não das redes existentes nos países de destino, foram também analisados os contactos com Portugal.
Sendo Portugal um dos países mais deprimidos, em termos populacionais, temos que perguntar se existirão marcas de uma reconfiguração e mudança social profundas, o que torna imprescindível continuar a estudar o tema, pelo que aguardamos com muito interesse a finalização e publicação dos resultados do projecto.

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