Está a começar a implementação do Quadro de Referência
Estratégica Nacional (QREN) sem que o País tenha debatido e consensualizado uma
estratégia de desenvolvimento a prazo, com finalidades, objectivos e metas bem
definidos. Não se dispõe, por isso, sequer dos critérios que permitirão fazer
escolhas sobre os designados grandes projectos de infra-estruturas considerados
eixos estruturantes do nosso futuro colectivo, a submeter ao QREN, o que é grave e permite antever
que se voltem a cometer os erros do passado, em particular a ilusão do acesso a
um dinheiro fácil.
Em relação aos ditos eixos estruturantes, cabe perguntar:
Estruturante em relação a quê? A que tipo de actividade? A que territórios? E
ainda: Para aproveitar a quem? Aos grandes grupos económicos de capital chinês
ou angolano, ou russo? Que bem-estar acrescentam à população no seu todo? E com
que confronto com empregos alternativos, em termos de redução do desemprego,
ou, por exemplo, em alternativa com melhorias na prestação de cuidados básicos a populações
carenciadas de bens essenciais, ao investimento na escola pública ou em serviços de saúde?
Vem isto a propósito da necessidade de o País no seu todo -
e não apenas através da sua anquilosada estrutura partidária - debater e
consensualizar o que Portugal quer para os próximos anos, nomeadamente que
finalidades aponta como grandes opções de desígnio nacional.
O Grupo “Economia e Sociedade”, em diversas ocasiões, por
exemplo aqui, aqui e aqui, tem manifestado o seu parecer, a partir de uma opção de uma finalidade de fundo: o bem-estar e
a qualidade de vida das pessoas (saúde, educação, habitação, acessibilidade,
emprego, segurança, acesso à cultura e ao tempo livre, …) em conjugação com a
promoção do bem estar colectivo, o que subentende a liberdade, a justiça, a equidade
na apropriação dos bens e a correcção atempada do rendimento e da riqueza, a
erradicação da pobreza, a sustentabilidade e qualidade do ambiente físico, a
participação dos cidadãos, uma administração Pública de qualidade, eficiente,
imune à corrupção e amiga das pessoas, a coesão territorial e social, a paz
social.
Parabéns pelo post, Profa. Manuela Silva! Estamos, assim parece, a correr o risco de vermos financiadas, pelo QREN, políticas ainda mais desumanizadas e nao escrutinadas, como tem sido apanágio deste governo. Nunca será demais chamar a atenção para o primado do bem estar, da justiça social, do desenvolvimento humano, objectivos tão maltratados nestes nossos dias.
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