Os comentários até agora recebidos a propósito de meu post
com idêntico sub-título - e foram vários - oscilam entre o aplauso do
que consideram ser uma utopia desejável e algum cepticismo quanto à viabilidade de a levar à prática. A estes, respondo com o acontecimento
mundial desta semana, a propósito da morte de Nelson Mandela. Mas poderia
acrescentar que a história está cheia de exemplos semelhantes. As ideias podem
mover o mundo!
No caso das propostas feitas, acrescento que as mesmas têm
por base realidades bem concretas que, nas actuais circunstâncias, lhes dão
viabilidade.
Assim:
No caso da primeira proposta, trata-se de propor uma forma
mais justa de partilhar o excepcional aumento da produtividade decorrente da
inovação tecnológica dos últimos 50 anos, incorporando-o na redução da duração dos
horários de trabalho, e, deste modo, libertando tempo para os que
encontram emprego e permitindo acesso aqueles que o sistema actual exclui, pondo,
assim, um dique à hemorragia de recursos humanos e consequências de ordem
social que daí decorrem (stress excessivo para os primeiros e depressões para
os segundos), com efeito pernicioso numa crescente anomia social grave e excessivos
encargos para a comunidade.
No que se refere à segunda proposta, trata-se, pura e
simplesmente, de fazer frente ao abuso escandaloso do poder negocial que, presentemente,
se verifica no interior de cada empresa, impondo regras mínimas de equidade, e
em qualquer caso, sem consequências no custo de produção total de cada empresa.
Quanto às duas últimas propostas, pouco tenho a acrescentar;
elas radicam na necessidade de reforçar a democracia, através do desempenho da
vontade política e do acréscimo da capacitação dos estados para o desempenho da
sua missão essencial de assegurar, devidamente, a prossecução do bem comum,
indispensável à coesão social e à sustentabilidade da própria democracia.
Por fim, queria destacar o comentário de Maria José Melo
Antunes por, a este propósito, ter recordado palavras do Presidente Obama, em
discurso recente e agradecer a todos os comentadores/as os seus contributos,
com observações pertinentes e novos desenvolvimentos.
Em qualquer caso, tratam-se de propostas cuja concretização
exige gradualismo e, sobretudo, massa crítica que permita o surgimento de
adequado poder político para as levar à prática.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários estão sujeitos a moderação.