Voltando,
mais uma vez, ao Relatório da OIT, “Enfrentar a crise do emprego em Portugal” (www.tsf.pt/storage/ng2854505.pdf),
importa insistir sobre a necessidade de uma nova estratégia para enfrentar a
crise, tal como é ali advogado. De facto, a constatação de que a política de
austeridade que tem vindo a ser aplicada não tem vindo a dar resultados, coloca-nos
perante a questão da procura de alternativas, as quais podem e devem ser ensaiadas,
ao contrário do que muitos nos querem fazer crer.
O
Relatório chama a atenção para a necessidade de uma estratégia ao serviço de um
crescimento centrado no emprego, o que aponta para a importância de se
ultrapassarem os constrangimentos financeiros que pesam sobre as PME. Neste
capítulo, é afirmado que o avanço para uma união bancária na Zona Euro
constituiria um progresso rápido e significativo no sentido do investimento
sustentável e da recuperação do emprego.
Embora
sejam tomadas em consideração os objectivos e as políticas estabelecidos no
programa de assistência financeira a que o país está sujeito, o Relatório
defende que a adopção de medidas sociais e de mercado de trabalho bem concebidas
torna possível impulsionar uma recuperação geradora de emprego, enquadrada em
metas orçamentais e financeiras de médio prazo.
Daí
a defesa de medidas de políticas activas do mercado de trabalho eficazes e da importância
de uma protecção social bem concebida, que elimine as importantes lacunas na
cobertura e na adequação das prestações sociais. São expressamente referidos o
reforço do Rendimento Social de Inserção (RSI) e a necessidade de um adequado
processo de reorganização da despesa com pensões, em prol dos reformados mais
vulneráveis. É também advogada a actualização do Salário Mínimo Nacional e do
Indexante de Apoios Sociais, já que estas actualizações, em contexto de crise,
podem evitar espirais de deflação salarial e promover a recuperação económica.
É
fácil verificar que estas receitas são opostas às que vêm sendo adoptadas entre
nós, com resultados extremamente desfavoráveis, não só sob o ponto de vista
social, mas também económico. A dificuldade na adopção de soluções eficazes
pode ser melhor compreendida se tivermos em conta, a deterioração do clima social
medido, entre outros, pelo galopante declínio da negociação colectiva de
trabalho, como justamente assinala o Relatório da OIT.
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