Na véspera de mais duas avaliações da Troika, não é demais
lembrar que, no interesse de todos (credores incluídos), não têm cabimento mais
medidas de austeridade.
Admitir, sequer, a hipótese de redução do salário
mínimo ou mais cortes nas pensões (como prenunciam os media nacionais!) é um
erro grosseiro do ponto de vista económico, além de reprovável à luz de
critérios éticos e explosivo do ponto de vista social e político, tendo em
conta os níveis de stress financeiro de muitas famílias em situação de privação
material severa ou risco de pobreza, o elevado desemprego e a crescente indignação popular
face às desigualdades.
O que precisamos, urgentemente, é de uma estratégia coerente
e concertada de desenvolvimento da economia nacional, designadamente da sua
estrutura produtiva e devidamente localizada em todo o território nacional, com objectivos claros e quantificados de melhoria da qualidade
de vida das pessoas (condições de trabalho, saúde, educação, segurança, lazer, convivialidade,
participação), com equidade na repartição da riqueza acumulada e do rendimento e
total respeito pela coesão social, a sustentabilidade ambiental e a democracia.
Num artigo recente publicado no Guardian (Julho 2013), Robert
Skidelski faz idêntica advertência quando demonstra que é o estímulo e não a austeridade
que é a chave para a recuperação da economia global e que importa sair, quanto
antes, do universo estreito e míope do “economics” (leia-se a técnica dos meros
equilíbrios macroeconómicos) para a visão mais ampla da economia política.
Aqui fica o meu desabafo que, desejaria, fosse um grito social
capaz de chegar aos ouvidos de quem tem poder para tomar decisões.
Sim: não há
inevitabilidades em matéria de escolhas quanto ao rumo a seguir no presente com vista ao futuro da nossa economia e da nossa sociedade!
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