Os ecos que chegam pela comunicação social acerca das impropriamente e abusivamente designadas universidades de verão organizadas pelas juventudes partidárias, dão que pensar, pois deixam a ideia de que, afinal, essas iniciativas não são mais do que um conjunto de sessões destinadas à transmissão de ideias preconceituosas e deformadas acerca da realidade da economia e da sociedade do País com vista à militância partidária futura dos respectivos participantes.
De fora, terão ficado os grandes temas em que as novas gerações deveriam ser interessadas: o desenvolvimento sustentado, as vias para uma economia verde, a equidade e a inclusão social, o processo de acumulação e a excessiva concentração da riqueza e suas consequências para a economia e para a coesão social, a erradicação da pobreza, a valorização e o pleno emprego dos recursos humanos, a democracia e a real participação de todos os cidadãos na prossecução do bem comum, entre outros.
De fora, terão ficado: o rigor científico e a pluralidade da ciência económica e dos seus paradigmas, as análises sociológicas bem fundamentadas bem como os contributos dos outros vários saberes, a História, a Geografia, a Ciência Politica, a Ética.
Em vez disto, devemos recear que tenham saído reforçadas as absurdas teses do determinismo do equilíbrio macroeconómico, das inevitabilidades dos cortes na despesa do estado e a consequente atrofia (e progressivo desaparecimento!) das suas respectivas funções sociais, de mais cortes em salários e pensões, de maior flexibilização nos despedimentos e nos demais direitos dos trabalhadores, etc, bem como o ainda mais pernicioso convite dirigido aos recém diplomados e investigadores desempregados a que procurem lugar fora do País…
Até quando?
O "até quando?" (que também já está no post anterior) é, ao mesmo tempo angustiante e estimulante: angustiante, porque não se vê saída nem no curto prazo da urgência das soluções nem no médio prazo dos processos eleitorais; estimulante porque nos obriga à vigilância testemunhante de que este post é um exemplo.
ResponderEliminarAté quando? tornou-se para mim uma expressão da perplexidade expectante com que vou assistindo às mudanças que, insidiosamente e sem autêntico escrutínio democrático, vão acontecendo no nosso País, nomeadamente ao nível do estado social, a inclusão, a coesão social e, particularmente, no que diz respeito a uma cultura de descaso pela dignidade da pessoa humana, insensibilidade aos direitos humanos e à ética do bem comum. Felizmente vai havendo alguma resistência no plano intelectual e da sociedade civil e das inciativas locais, mas, por ora, sem a visibilidade que seria necessária para alcançarem ser alternativa de desenvolvimento humano sustentável.
ResponderEliminarAté quando esta deriva para a barbárie dos compromissos desrespeitados, das lógicas de poder divorciadas do serviço, do endeusamento do dinheiro e do lucro, em vez da atenção às necessidades básicas e à qualidade de vida das pessoas e suas comunidades?