Em texto anterior publicado aqui, escrevi sobre a necessidade de uma alteração de paradigma para enfrentar as actuais e notórias disfuncionalidades do modelo capitalista de economia globalizada, subordinada a crescente financeirização e sem mecanismos adequados de regularização.
Ontem, Isabel Roque de Oliveira, depois de afirmar que a austeridade é um erro, que a própria realidade obriga a reconhecer, interrogava-se sobre Quem assume a mudança?
Talvez nos devamos questionar também sobre as barreiras que impedem o recurso a mecanismos que ponham fim a esta situação agónica sem termo à vista. Afinal, por que não se operam as mudanças necessárias, algumas das quais merecendo acordo entre responsáveis políticos de alto nível, como sejam algumas normas ambientais ou de regulação de movimentos de capitais ou, mais recentemente, o consenso sobre a necessidade de pôr termo às políticas de austeridade que têm flagelado alguns países membros da UE?
No âmbito do World Business Council for Sustainable Development, foi realizado em 2012, um inquérito a 1600 peritos de 117 países diferentes acerca das barreiras que se opõem a uma necessária mudança de paradigma económico.
Os resultados do estudo acima referido dão que pensar. Reproduzo abaixo as percentagens das opniões expressas pelos entrevistados:
- Por falta de vontade política – 68%
- Interesse em manter o status quo – 46%
- Complexidade das questões a enfrentar e das respostas preconizadas – 40%
- Miopia dos mercados em reconhecer os riscos que correm – 37%
- Incentivos e outras políticas fiscais mal orientados – 28%
Obtiveram menos de 20% das respostas causas como: falta de conhecimento da situação, falta de empenho do sector privado, acordos de comércio internacional mal elaborados, tecnologias desadequadas.
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