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21 março 2013

Que Sociedade Desejamos?

 A gravidade da situação social, económica e financeira e os riscos de múltiplas rupturas são tais e tão evidentes que já se percebeu que, sem prejuízo do exercício do juízo crítico em torno das propostas apresentadas pelo Governo, importa saltar os muros das respostas convencionais, das pequenas correcções e dos ajustamentos menores, e procurar saídas através de caminhos novos, rompendo, assim, com um discurso de inevitabilidade e conformismo com que se anestesiam as consciências.

De muitas fontes, académicas e outras, nos chegam ideias acerca de alternativas que apontam para a necessidade de olhar para a economia real, colocando esta ao serviço das pessoas e do bem comum, através de novos modos de produzir, de consumir, de repartir.

Concretizando:

Novos modos de produzir, assentes na valorização dos recursos próprios, localmente disponíveis e potenciais; na maior participação dos trabalhadores nas empresas onde trabalham e nas decisões concernentes ao respectivo futuro; no incentivo ao desenvolvimento local participado e orientado para a satisfação prioritária das necessidades e aspirações dos respectivos habitantes; na maior expansão e valorização da economia social; na prestação de cuidados pessoais e serviços de proximidade.

Novos modos de consumir, que revelem preferência por produtos amigos do ambiente, respeito pelos direitos sociais e pelas liberdades democráticas; tenham em conta a qualidade, a durabilidade e a intensidade do consumo energético desses produtos. Novos modos de consumir que não endeusem o consumo e a ostentação e não alimentem o desperdício e o supérfluo, não concorrendo para não agravar a crise ambiental.

Novos modos de repartir, que eliminem ou restrinjam, drasticamente, as rendas e os lucros fáceis, que remunerem devidamente o trabalho e corrijam as grandes disparidades na repartição do rendimento entre o trabalho e o capital ou a excessiva amplitude do leque salarial numa mesma empresa ou sector de actividade, que tributem adequadamente a  concentração da riqueza e a propriedade inactiva, que respeitem critérios de progressividade na tributação fiscal e assegurem o efectivo papel redistributivo do Estado.

Estes e outros temas foram debatidos no Encontro inter-diocesano da LOC/MTC, realizado no Porto, no passado fim-de-semana.

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