Numa das suas últimas entrevistas (Janeiro 2012), Eric Hobsbawm falava sobre a necessidade de um capitalismo responsável capaz de dar resposta aos problemas que se vão avolumando nas sociedades de economia capitalista que conhecemos os quais não encontram solução no quadro dos actuais parâmetros de um mercado desregulado onde o que conta é o crescimento e a maximização do lucro do capital.
Neste modelo, não há lugar para as pessoas nem para a equidade na repartição: as desigualdades avolumam-se e assumem valores extremos e intoleráveis, aproximando-se, perigosamente, de níveis incompatíveis com a democracia; cresce o número das pessoas que não encontram emprego ou se vêem forçadas a aceitar trabalho precário e mal remunerado.
Entregue à sua lógica própria, o capitalismo não tem capacidade para superar estas contradições que se agudizarão, por efeito conjugado da globalização, da inovação tecnológica e da comunicação.
Nas actuais circunstâncias, poderão continuar a crescer os excedentes da produção e intensificar-se a acumulação e a concentração da riqueza, mas as sociedades caminharão para uma insatisfação e desmoralização crescentes.
As manifestações de massa, que se vêm repetindo em várias capitais, constituem uma expressão clara do mal-estar das pessoas, mas são também um apelo à urgência de mudança.
Entre os próprios defensores do capitalismo e do mercado desponta a consciência de que um capitalismo sem ética não é sustentável e que o mercado carece de alguma regulação para superar as disfuncionalidades que se geram no próprio sistema.
O eminente historiador, que há dias nos deixou, fala da necessidade de uma vontade política, um querer colectivo que viabilize um capitalismo responsável.
Eric Hobsbawman é bem conhecido não só entre os historiadores mas, em geral, no meio dos intelectuais portugueses. Em sua homenagem, lembramos algumas das suas obras, traduzidas em português:
A Era das Revoluções (1789-1848) – Presença.A Era do Capital (1848-1875) – Presença.
A Era do Império (1875-1914) – Presença.
A Era dos Extremos (1914-1991) – Presença.
Tempos Interessantes: Uma Vida no Século X” - Campo das Letras.
O Século XXI - Reflexões Sobre o Futuro. Entrevista a Eric Hobsbawm por Antonio Polito – Presença.
O capitalismo só será responsável se alguém o obrigar a isso (por mais boas intenções que tenham os detentores do capital, os gestores, os administradores, etc. e tal). E só com regras mundiais apertadas que impeçam o capital de explorar as debilidades locais em termos de regulamentação social, ambiental, salários, etc e assim se deslocar a seu bel prazer para onde melhor pode sugar é que o problema se resolve. Não existe nenhuma alternativa. O que aconteceu à URSS no fim da década de 80 está a acontecer agora à Europa.
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