Num curtíssimo artigo, “The tipping point – How much austerity is too much?”, o semanário The Economist, na sua edição de 22 de Setembro de 2012, refere a manifestação pacífica do passado dia 19 como marcando o fim da qualificação de Portugal como um bom aluno para passar a ser “um exemplo avisador dos perigos que os governos enfrentam quando tentam levar a austeridade para além da tolerância dos votantes sofredores”.
Este comentário é motivado pelas recentes medidas de austeridade recentemente anunciadas, designadamente o corte da TSU para as empresas e o financiamento deste corte através de maiores taxas pagas pelos trabalhadores.
Com ironia, o The Economist qualifica de notável o facto de o discurso de quinze minutos do Primeiro Ministro na televisão ter levado não só à união dos partidos da oposição contra esta medida, mas também à união dos sindicalistas, grandes empresas e economistas, para além de consequências políticas entre os partidos da coligação governamental.
Com a situação política criada, segundo o The Economist, é amplamente esperado que o Primeiro Ministro modifique, se não mesmo que retire na totalidade, o seu plano quanto à TSU.
Esta segunda solução parece-nos a única defensável.
O total abandono das medidas anunciadas seria visto como um sinal de inflexão no caminho da austeridade a todo o custo que tão nefasto impacto tem causado: a ética e o estado de direito sairiam vencedores e abertas continuariam outras soluções para um progressivo saneamento das contas públicas, compatíveis com o crescimento económico e o combate ao desemprego.
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