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16 julho 2012

Equidade, Proporcionalidade, Igualdade...

Palavras que pareciam afastadas das páginas dos nossos media, mas voltaram de novo a aparecer… por força da crise.
Para além das considerações do recente parecer do Tribunal Constitucional, a propósito do corte dos subsídios de férias e do Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas, onde estão em causa comparações entre os sectores público e privado e, também, segundo entrevista do seu presidente, entre o trabalho e o capital, há outras informações que contribuem para relançar a discussão. ~

Os dados que acabam de ser divulgados pelo INE, do Inquérito ao Rendimento e Condições de Vida 2011, confirmam as preocupações acrescidas em matéria de luta contra as desigualdades e procura de uma maior equidade na sociedade portuguesa. Refira-se que a informação respeita ao ano de 2010, ou seja, antes do lançamento do programa de austeridade da troika, mas após o aparecimento da crise surgida em 2008.
A primeira constatação tem a ver com o facto de se ter interrompido o percurso de descida (lenta) do grau de desigualdade dos rendimentos em Portugal, já que o coeficiente de Gini conheceu um agravamento, subindo para 34,2%, contra 33,7 % no ano anterior. Em simultâneo, embora só se tenha registado um pequeno aumento da taxa de risco de pobreza, de 17,9% para 18%, entre os anos em análise, esta última taxa foi calculada com base num valor do limiar da pobreza inferior ao do ano anterior (421 euros mensais, contra 434 euros), em resultado da queda dos rendimentos. De acordo com o Professor Farinha Rodrigues, em entrevista ao Público do dia 14 de Julho, a taxa subiria para 19% se o limiar de pobreza fosse igual ao de 2009, em termos nominais, e para 20%, em termos reais.
A evolução previsível é a da continuação e agravamento dos indicadores sobre as desigualdades e as taxas de pobreza, quando se dispuser de dados que já entram em conta com as medidas de austeridade entretanto implementadas. Merece particular referência o facto de se ter reduzido o impacto das prestações sociais sobre a pobreza, o que poderá vir a acentuar-se com as alterações entretanto introduzidas em matéria de segurança social.
 Acresce que, segundo um estudo do Social Security Observatory, “The Distribution of Effects of Austerity Measures: a Comparison of Six EU Countries”, Portugal foi o único país entre os estudados no período entre 2007 e Junho de 2011, com uma distribuição claramente regressiva dos efeitos da austeridade, com perdas percentuais que são consideravelmente maiores no primeiro e segundo decil do que no topo da distribuição.

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