18 maio 2012

Na senda de uma “economia verde”

Pelo menos desde o começo da década de setenta que muitos estudiosos vêm chamando a atenção para as questões da sustentabilidade ambiental mostrando, com evidência teórica e empírica, que estão a ser perigosamente ultrapassados limites de habitabilidade do Planeta. Isto em múltiplas frentes, nomeadamente no que respeita à produção de C02, ao esgotamento de recursos não renováveis, à destruição da biodiversidade, á acumulação de lixos e desperdícios não reciclados, à poluição de elementos naturais básicos como a água e o ar.

A estes justos alertas, se têm sobreposto os grandes interesses económicos e financeiros e, até ao momento, as sucessivas reuniões de alto nível que se têm debruçado sobre esta complexa problemática não têm sido capazes de encontrar soluções eficazes para prevenir e remediar as sérias ameaças de insustentabilidade ambiental à escala planetária. Mesmo as autoridades nacionais que têm assumido compromissos no sentido de adoptar algumas medidas positivas não raro caiem em situações de incumprimento das mesmas ou procuram enfrentá-lo através do mercado.
Decorre por estes dias mais uma Cimeira, Rio + 20. Se a esperança ainda resiste às experiências passadas, há que fazer pressão sobre os decisores que se reúnem no Rio para que não se verguem aos interesses instalados e à imediatez da lógica do mercado e instá-los a que tracem caminhos na senda de uma “economia verde”.

Além das questões ambientais propriamente ditas, o sistema económico e financeiro globalizado está visivelmente confrontado com a sustentabilidade social, uma vez que as disfuncionalidades que lhe conhecemos, nomeadamente o desemprego massivo, o agravamento das desigualdades e a pobreza, a obsolescência acelerada dos processos produtivos, a urbanização desordenada e a excessiva concentração urbana, etc., estão abrindo sérias brechas na coesão social, o que é também factor de insustentabilidade.

Em Relatório recente publicado pela OIT, o fomento da economia verde é apresentado como uma uma resposta “necessária e esperançosa para a recessão económica mundial, a elevada taxa de desemprego, as alterações climáticas cada vez mais alarmantes, a degradação generalizada do meio ambiente e a diminuição dos recursos incluindo a água potável.”
Sobre a economia verde, ver outro post neste blogue.

1 comentário:

  1. Já tinha visto este post, quando, ao ler o El País, dei com o sugestivo título de uma espécie de crónica: Cuanto cuesta un atasco? Trata-se de como a crise pode levar a"oportunidades para tomar decisões sobre o modelo de mobilidade" para as cidades. Refere que o problema dos engarrafamentos(mas a palavra espanhola é tão mais sugestiva!)implica 3% do PIB dos países da OCDE.Mas o problema é também o da organização dos horários de trabalho, do uso de transportes colectivos...A "economia verde" implica de facto "mudar de vida", ou melhor de paradigma socioeconómico.

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