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14 dezembro 2011

Não há alternativas?

Não nos dizem porquê, mas os actuais governantes e certos media com eles identificados vão repetindo, até à exaustão, que não existem alternativas às medidas de austeridade que vêm sendo impostas de modo brutal, através de um pacote de políticas conjugadas que comportam o agravamento da imposição fiscal directa e indirecta, cortes directos e indirectos nas remunerações de trabalho, redução de serviços públicos em áreas chave, como sejam a saúde, a educação, as prestações sociais, os transportes, etc.
Não há alternativa, dizem, mas não têm como negar a realidade concreta que, em sua consequência, já está debaixo dos nossos olhos. Dou exemplos:

• Em poucos meses, é notório como se tem degradado o poder de compra das classes de menores rendimentos e como tem aumentado o número de pessoas com necessidade de recorrer à ajuda solidária, inclusive para prover à alimentação.

• Ainda hoje, os serviços de estatística davam conta que a taxa de desemprego vem aumentando significativamente e já ultrapassa os 13% da população activa.

• Também é sabido que a emigração por falta de oportunidades de emprego no País cresce em cada dia e está a incluir uma forte componente de jovens licenciados e de quadros médios e superiores.

Não bastariam estas situações tão dramáticas para, ao menos, fazer abalar as pseudo convicções de quem nos governa e para aconselhar uma urgente mudança de agulha que mobilizasse os diferentes actores sociais a procurar alternativas, que evitem uma mais que provável catástrofe social a curto prazo?

Acresce que não se podem ignorar as experiências empíricas do receituário monetarista e neo-liberal similares já realizadas em outros contextos e hoje amplamente conhecidas e analisadas pela literatura económica e sociopolítica e, de modo geral, tidas por desastrosas do ponto de vista socioeconómico. Se não querem ir mais longe, recorde-se a política de Margaret Thatcher nos anos oitenta, por sinal também ela levada a cabo com recurso ao slogan “não há alternativa.”

Persistir no argumentário neo-liberal de pseudo justificação da inevitabilidade impede, de facto, a procura de alternativas e é erro político que a história julgará.

3 comentários:

  1. Não há alternativas macroeconómicas nacionais. Em termos de um só país apenas o despojamento e a solidariedade podem funcionar.

    A única alternativa macroeconómica é mundial e passa por regras mundiais ficasi e sociais unifomes. De outro modo, o capital, qual raposa voraz, passa pelos buracos do galinheiro e come as galinhas que estiverem mais a jeito.

    Discutir soluções ao nível de Portugal ou mesmo da União Europeia é condenar estas economias à história da URSS (esta apenas caiu porque os seus sistemas sociais eram incompatíveis com o tipo de gestão económica que aí existia). Mesmo que a realidade econóimica da URSS e da Europa (e dos EUA) pareçam muito diferentes, elas têm algo em comum: salários médios e protecções sociais/regimes fiscais médios superiores às do resto do mundo.

    Apenas com um verdadeiro Estado Social Mundial é possível ultrapassar esta situação em que os ricos do mundo são cada vez mais ricos à custa do empobrecimento da classe média e dos pobres de todo o mundo mas sobretudo dos países desenvolvidos.

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  2. Agradeço o seu comentário.
    Não duvido da importância de se caminhar no sentido de um verdadeiro modelo social mundial (não lhe chamaria Estado ...)como enquadramento da globalização e conduzido por uma Organização a nível mundial de raiz democrática que zelasse pelos direitos humanos, a diversidade cultural e a paz mundial
    Mas há que cuidar do "entretanto" mais próximo. E assim não descurar a busca de alternativas que hão de encontrar-se aos vários níveis da vida colectiva (a educação, a saúde, o desenvolvimento local, a economia social,os novos modelos de consumo, a especialização produtiva e a economia do conhecimento, a aposta na satisfação prioritária das necessidades básicas das pessoas incluindo o emprego, a diversificação das exportações para mercados emergentes, a melhor repartição interna da riqueza e do rendimento, a renegociação da dívida pública,...
    Portugal é um pequeno País e pode tirar partido desta sua situação de pequena economia.
    Continuar a afirmar que não há alternativas afigura-se-me um anestesiante altamente perigoso em termos de construção do futuro. Denunciá-lo foi o propósito deste meu post.
    Voltarei ao assunto em próxima oportunidade.

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  3. Essa do «Estado Social Mundial» é uma utopia.
    Pois se num pequeno País como Portugal,devido à pulhice humana,à velhacaria,à corrupção,
    ao egoísmo,ao individualismo,à hipocrisia,ao
    cinismo,não é possível haver um Estado Social, com justiça social,com Liberdade,Igualdade Fraternidade,como será isso possível a nível Mundial?!Temos por exemplo,o caso da Bélgica que é mais pequena que Portugal e ali não há
    coesão social.

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