Sabe-se lá porquê está a tornar-se corrente a ideia de que, para responder à necessária redução dos custos de produção (de bens materiais ou de serviços) na mira de alcançar melhor nível de produtividade, a solução consiste tão só em despedir pessoal.
Com efeito, temos assistido na comunicação social às notícias de que, inclusivamente, empresas com tutela do Estado anunciam, com despudor, o despedimento colectivo de centenas de trabalhadores, que, deste modo, vão engrossar o já elevado fluxo do desemprego.
Qualquer manual de gestão poderá ensinar que os custos totais de uma empresa ou serviço são o somatório de várias parcelas e que a maior eficiência produtiva é uma resultante de múltiplos factores, com destaque para a inovação tecnológica e social, o que, desde logo, remete para a consideração de um factor crítico: a respectiva organização e a qualidade do seu planeamento estratégico.
Intervir apenas pela via da redução dos custos com pessoal, conseguida por recurso a despedimento massivo, pode revelar-se lesiva da capacidade produtiva da empresa em causa e originará, na presente conjuntura, mais desemprego com a correspondente transferência para a sociedade no seu todo de um custo social elevado. É esse custo que não pode - não deve – ficar escondido e silenciado.
O insuspeito relatório conjunto do FMI e OIT apresentado na reunião de Oslo, no passado mês de Setembro, alerta para os custos humanos e sociais associados ao desemprego e responsabiliza os actores sociais, empresas e Estados, que para ele concorram, incentivando-os a que desocultem os custos silenciados e os tenham na devida conta nas respectivas decisões e políticas.
A título de síntese, cito do referido relatório a passagem seguinte, que encontra ampla fundamentação e evidência empírica na abordagem subsequente por parte dos seus Autores: se os efeitos das recessões passadas nos podem servir de algum esclarecimento, podemos sustentar que o custo daqueles que ficam desempregados pode ser uma perda de rendimento persistente, provocar uma redução na esperança de vida, desencadear uma diminuição no nível de sucesso na formação académica e ganhos futuros dos respectivos filhos. É igualmente provável que o desemprego afecte atitudes e comportamentos que diminuirão a coesão social, custos que, afinal, é a sociedade inteira que irá suportar. [ Ver mais ]...
Por tudo isto é preciso desocultar os custos silenciados do desemprego e obstar a que o recurso ao despedimento colectivo se torne numa prática.
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