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14 junho 2021

Boa surpresa: taxmenow

 

Anteontem, um órgão de comunicação social alemão, que também referia outros, trazia em uma notícia, cujo título era: “milionários exigem impostos mais elevados”, uma referência a um apelo ou petição lançado na internet por 36 milionárias e milionários alemães e austríacos. O apelo-petição intitula-se taxmenow e no subtítulo diz:” Milionárias e milionários exigem um aumento de impostos sobre fortunas de milhões”.

Depois de lembrarem como o corona foi para alguns a oportunidade de ficarem ainda mais ricos frente ao aumento da desigualdade que a crise do corona agravou, acentuam que o aumento da desigualdade dura há décadas e que “…a concentração de poder como capital e influência de uns poucos face à insegurança material de muitos é um perigo para a democracia”. Não o dizem explicitamente, mas posso concluir desta afirmação que a justiça fiscal não é só uma questão económicofinanceira, é também uma questão de estruturação de um regime democrático.

Depois dizem: “Nós somos ricos e defendemos uma tributação mais alta de fortunas para possibilitar mais oportunidades, participação e coesão. Independentemente de sermos ricos através do trabalho, herança, empreendedorismo e investimento de capital, apelamos a reformas em cinco domínios.” E os cinco domínios são:

- reintrodução de imposto sobre fortunas para fortunas de milhões e biliões;

- limitar excepções para activos e limitar regras especiais sobre heranças e doações;

- taxas progressivas em vez de taxa fixa de imposto sobre capital;

- imposto sobre propriedade em caso de redução de dívida;

- regras apertadas contra evasão de impostos e reforço das capacidades das autoridades fiscais.

Depois de lembrarem posições da OCDE, FMI e Banco Mundial, afirmam: “Aqueles que muito possuem  podem dar um contributo maior para lidarmos com os grandes desafios do nosso tempo: mudança climática, digitalização, mudança demográfica, falta de habitação, justiça educacional e promoção de mais efectiva acumulação de riqueza para todos”. Este último ponto tem sido mais defendido na Alemanha pela CDU, CSU e Liberais. E lembram por fim que o aproximar de eleições é uma oportunidade para orientação no sentido do bem da comunidade.

Talvez devesse ter acrescentado no título que à surpresa de boa notícia se devia seguir a pergunta: será suficiente, bastará? Esta pergunta traz dentro uma convicção que é: sem intervenção cívica e sobretudo dos que estão muito longe de serem ricos e dos que preferem ser simples, sóbrios e solidários (os 3 S de Manuela Silva), a “concentração do capital e influência de uns poucos” continuará a ser um perigo para a democracia.

 

1 comentário:

  1. Muito bom este post que nos traz expectativas positivas. Da Alemanha têm soprado ultimamente bons ventos. Esperemos que se concretizem em factos.

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