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22 novembro 2019

Para quando a banca ética em Portugal?






Segundo dados recentemente divulgados pela comunicação social, no período de 2001 a 2016 saíram do país com destino a paraísos fiscais 50 mil milhões de euros, o equivalente a 26% do PIB anual português.

Não são necessárias grandes explicações para considerar a existência de paraísos fiscais algo eticamente reprovável e mesmo uma afronta a todos os que suportam a pesada carga fiscal imposta pelo poder político e que recai sobretudo em quem vive do seu trabalho.

Carga fiscal essa que, não obstante, não corresponde, como seria de esperar, a um apreciável nível de qualidade na prestação de serviços de carácter social (saúde, educação, justiça, segurança interna) por parte do Estado.

Efectivamente, uma fatia considerável das receitas fiscais tem vindo a ser aplicada, como todos sabemos, em causas bastante questionáveis, de entre as quais se inclui o caucionamento dos “desvarios” de vários bancos.

Para além disso, a banca tradicional caracteriza-se por uma tal opacidade que não é possível ao depositante saber se as suas poupanças são aplicadas em investimentos duvidosos, especulativos ou social e ambientalmente reprováveis.

Mas existem instituições financeiras que se regem por princípios éticos de transparência e solidariedade. Na banca ética, as poupanças financiam investimentos amigos do ambiente e com impacto social positivo, sendo, por imposições estatutárias, divulgados. Na banca ética, o lucro vem depois do respeito pelo ser humano e pela preservação da Natureza.

Segundo um estudo apresentado ao Parlamento Europeu no passado mês de janeiro e divulgado pela Fundazione Finanza Etica com sede em Itália, entre 2007 e 2017, 23 bancos éticos e sustentáveis sediados na Europa viram crescer os seus activos a uma taxa média anual de 9,66%.

Destes 23 bancos nenhum tem origem ou opera sequer em Portugal. Estaremos condenados a não usufruir das, apesar de tudo, poucas iniciativas válidas e promissoras que vão surgindo pelo mundo fora?

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