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22 maio 2018

O que está a acontecer com os salários?


São várias as organizações internacionais que ultimamente se interrogam sobre a razão para o fraco crescimento dos salários na Europa (aqui). A Bloomberg fala no “mistério da falta de crescimento dos salários”, o Financial Times tem escrito sobre o “estranho boom dos empregos de baixos salários na Zona Euro” e a Comissão Europeia chama a atenção para uma “retoma com salários pobres”.

À obsessão dos Bancos Centrais para com a espiral salários-preços, o que se traduzia em apelos à moderação dos salários para dominar a inflação, surge um consenso crescente entre os economistas, que descobriram as virtudes do crescimento dos salários, uma vez que eles deveriam crescer mais rapidamente do que o que está a acontecer.

De salientar, contudo, que a estagnação ou o fraco crescimento do salário médio, tem sido acompanhado por um aumento em flecha do leque salarial. Ainda recentemente, os cálculos do DN/Dinheiro Vivo, publicados no Diário de Notícias, apontavam para um aumento de 40% nas remunerações dos presidentes executivos (CEO) das empresas do PSI 20, em três anos, enquanto as dos trabalhadores estagnaram. A diferença entre os ganhos dos CEO destas empresas e o salário médio dos seus trabalhadores voltou a alargar-se, registando entre 6,8 e 155,2 vezes o valor do salário por trabalhador, nas 15 empresas do PSI 20 onde os CEO mais ganharam.

Apesar das taxas de desemprego estarem a descer na Zona Euro, o que poderia contribuir para uma pressão acrescida para fazer subir os salários, existe a convicção de que os contractos precários e o trabalho involuntário a tempo parcial explicam que os trabalhadores aceitem empregos regulares com salários baixos. Em nome da flexibilidade e da competitividade foi enfraquecida a negociação colectiva de trabalho e o papel das instituições encarregadas da fixação dos salários, o que impossibilitou que os trabalhadores pudessem beneficiar das melhorias ligadas ao crescimento da economia e prejudicou a sustentabilidade da retoma.

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