São várias as organizações
internacionais que ultimamente se interrogam sobre a razão para o fraco
crescimento dos salários na Europa (aqui). A Bloomberg fala no “mistério da falta de crescimento dos
salários”, o Financial Times tem escrito sobre o “estranho boom dos empregos de baixos salários na Zona Euro” e a
Comissão Europeia chama a atenção para uma “retoma
com salários pobres”.
À obsessão dos Bancos
Centrais para com a espiral salários-preços, o que se traduzia em apelos à
moderação dos salários para dominar a inflação, surge um consenso crescente
entre os economistas, que descobriram as virtudes do crescimento dos salários,
uma vez que eles deveriam crescer mais rapidamente do que o que está a acontecer.
De salientar, contudo,
que a estagnação ou o fraco crescimento do salário médio, tem sido acompanhado por
um aumento em flecha do leque salarial. Ainda recentemente, os cálculos do
DN/Dinheiro Vivo, publicados no Diário de Notícias, apontavam para um aumento
de 40% nas remunerações dos presidentes executivos (CEO) das empresas do PSI 20,
em três anos, enquanto as dos trabalhadores estagnaram. A diferença entre os
ganhos dos CEO destas empresas e o salário médio dos seus trabalhadores voltou
a alargar-se, registando entre 6,8 e 155,2 vezes o valor do salário por
trabalhador, nas 15 empresas do PSI 20 onde os CEO mais ganharam.
Apesar das taxas de
desemprego estarem a descer na Zona Euro, o que poderia contribuir para uma
pressão acrescida para fazer subir os salários, existe a convicção de que os
contractos precários e o trabalho involuntário a tempo parcial explicam que os
trabalhadores aceitem empregos regulares com salários baixos. Em nome da flexibilidade
e da competitividade foi enfraquecida a negociação colectiva de trabalho e o papel
das instituições encarregadas da fixação dos salários, o que impossibilitou que
os trabalhadores pudessem beneficiar das melhorias ligadas ao crescimento da
economia e prejudicou a sustentabilidade da retoma.
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