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24 junho 2016

Inovação tecnológica sim, mas…

Se estamos minimamente informados e atentos ao que se passa no nosso quotidiano damo-nos conta que se vão sucedendo a ritmo vertiginoso as inovações tecnológicas, por efeito conjugado dos avanços feitos nas áreas da inteligência artificial, da digitalização, da biotecnologia, da automação.

Todas estas inovações têm impacto nos processos produtivos e modos de produção de bens e serviços, na organização das sociedades, na vida quotidiana individual e familiar, na economia doméstica e, inclusive, no modo como nos consideramos enquanto seres humanos bem como nas relações que mantemos com os nossos semelhantes ou com o planeta que habitamos.

Apesar de assistirmos já a algumas consequências negativas altamente preocupantes (por exemplo, o desemprego massivo), decorrentes dos processos em curso, não reflectimos suficientemente sobre os poderes e as lógicas que presidem a tais inovações, deixando-as entregues ao poder económico e às leis do mercado. Por outro lado, os cidadãos não estão devidamente esclarecidos sobre os processos em curso e não dispõem de cenários prospectivos, de modo a estarem habilitados a fazerem as suas escolhas em tempo oportuno.

É necessário e urgente que as sociedades democráticas alarguem o espectro dos assuntos em debate público e as escolhas democráticas a estas questões que têm tudo a ver com a qualidade de vida das pessoas e da sociedade, já no tempo presente e, sobretudo, com as suas implicações para as gerações do tempo futuro.

Num artigo recente (project Syndicate, 9 Junho 2016), intitulado Innovation Is Not Enough, Dani Rodrik, traz pistas interessantes de análise que contribuem para ultrapassar a barreira que divide os optimstas e os pessimistas acerca da revolução tecnológica em curso.

Ninguém duvida que a inovação tecnológica avançará rapidamente, mas as suas consequências sobre o aumento da produtividade e consequentemente sobre o crescimento económico, sobre o emprego, sobre a equidade com que se repartem as vantagens e os custos sociais das mudanças exigem políticas adequadas ao estádio de desenvolvimento de cada país, à sua respectiva estrutura produtiva e à disponibilidade dos seus recursos humanos, para que tragam benefícios reais para as sociedades.

Mais do que nunca são necessárias estratégias de desenvolvimento a prazo democraticamente concebidas e consensualizadas que responsabilizem os governos e demais actores económicos e sociais pela sua implementação em função do bem comum.

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