No Público de hoje, lemos um artigo da
Eurodeputada Elisa Ferreira que aborda a questão da fuga à responsabilidade
social por parte das empresas multinacionais, ilustrando com o caso da
McDonald`s, que utiliza as facilidades oferecidas pelos governos europeus onde
opera e que lhe permitem pagar um mínimo de impostos.
Para além das receitas fiscais assim perdidas
pelos países europeus, calculadas em mil milhões de euros entre 2009 e 2013, o
artigo denuncia também as péssimas condições de trabalho que são praticadas na
vasta rede de restaurantes franchisados pela McDonald`s em 119 países.
Se muitas das práticas seguidas podem caír no
domínio da ilegalidade, a verdade é que, em matéria de impostos, as grandes empresas multinacionais, com o seu poder de
monopólio ou oligopólio, têm vindo a operar com a benção de vários governos europeus
que não olham a meios para atingirem os seus objectivos de captação de
investimentos, tantas vezes de qualidade duvidosa.
Com tais práticas, protegidas pelo segredo,
ficam em desvantagem concorrencial as empresas de menor dimensão e a
generalidade dos cidadãos sobre quem recai, necessariamente, maior carga fiscal
e/ou o impacto negativo sobre os bens ou serviços que o Estado lhes deveria
garantir, dadas as restrições orçamentais que lhes são próprias, bem como as
que decorrem das regras que a U.E. estabelece.
Quando se vê tanta preocupação da U.E. em
proibir ajudas de estado a empresas públicas é curiosa a resistência ao avanço
de medidas eficazes para contrariar a evasão fiscal das empresas
multinacionais. As propostas que vão surgindo têm encontrado um muro na necessidade
de aprovação por unanimidade dos 28 estados membros.
De qualquer modo, as recomendações da
Comissão Especial do Parlamento Europeu (TAXE), aprovadas em 25 de Novembro de
2015, são da maior importância e regista-se a colaboração que, certamente com
custo, acabou por obter por parte das empresas inquiridas, inicialmente muito
renitentes. Não basta a uma empresa dizer que cumpre a lei para afirmar que cumpre a sua responsabilidade
social .
Oxalá a TAXE 2 possa atingir o objectivo
pretendido pela larga maioria dos membros do Parlamento Europeu, ou seja, que
os impostos sejam pagos no país onde as empresas desenvolvem a sua actividade.
A TAXE é uma boa ideia e o comentário de Isabel Roque de Oliveira aborda aspectos essenciais da sua justificação e pertinência, mas fica-me uma dúvida: será que foram acautelados os procedimentos de vinculação ao seu cumprimento? É assunto a acompanhar!
ResponderEliminarO Parlamento Europeu pode acompanhar e vigiar a aplicação das recomendações da TAXE e assim fazer pressão sobre os governos. Mas para que estes sejam obrigados e as empresas sancionadas é necessário que o Conselho aprove por unanimidade as Directivas preparadas e submetidas pela Comissão.
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