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17 outubro 2014

Sistemas privados de pensões - a quem servem?



Quando os governos procuram reduzir os apoios públicos aos reformados, uma das formas que elegem é convencer os trabalhadores a pouparem para fazer face ao seu futuro, servindo-se para tal de incentivos fiscais ou de políticas que automaticamente os incluem em esquemas de reforma.

Segundo o semanário The Economist de 4 de Outubro, no seu artigo ”Prudence penalised - European savers have suffered terrible returns from pension funds”,  não será por inércia ou impaciência que as pessoas resistem  a poupar para a velhice, mas por outras razões que se prendem com encargos elevados de gestão dos fundos de pensões, produtos pouco transparentes e baixas rendibilidades.

De facto, os resultados registados ao longo de décadas pelos sistemas privados de pensões de vários países europeus (Bélgica, Reino Unido, França, Itália e Espanha) têm sido negativos, como revela um Relatório recente da  Federação Europeia de Utilizadores de Serviços Financeiros com o título “Pension Savings: The Real Return”, citado pelo The Economist. Por exemplo, no período de 2000-2013, em Espanha, os planos de pensões perderam 1,2% ao ano, em termos reais, e no Reino Unido perderam 0,7 % ao ano entre 2000 e 2012.

Os principais responsáveis por aqueles resultados são os gestores dos fundos de pensões que se apropriam de elevadíssimas comissões, prejudicando todos aqueles que lhes confiam as suas poupanças, fruto de vidas inteiras de trabalho.

E tudo isto com a passividade das autoridades europeias que “não conhecem o verdadeiro desempenho dos serviços que deveriam regular e supervisionar”. O mundo financeiro continua gozar de um tratamento permissivo que não deveria ser tolerado em países democráticos, pois permite o domínio dos interesses de uma minoria sobre os das pessoas comuns.

Quando, entre nós, continuam a crescer as desigualdades e tantos lutam com dificuldades para manterem uma vida digna, este é um problema que não pode deixar de nos preocupar.

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