Quando os governos procuram reduzir os apoios
públicos aos reformados, uma das formas que elegem é convencer os trabalhadores
a pouparem para fazer face ao seu futuro, servindo-se para tal de incentivos fiscais
ou de políticas que automaticamente os incluem em esquemas de reforma.
Segundo o semanário The Economist de 4 de
Outubro, no seu artigo ”Prudence penalised - European savers have suffered
terrible returns from pension funds”, não
será por inércia ou impaciência que as pessoas resistem a poupar para a velhice, mas por outras
razões que se prendem com encargos elevados de gestão dos fundos de pensões,
produtos pouco transparentes e baixas rendibilidades.
De facto, os resultados registados ao longo
de décadas pelos sistemas privados de pensões de vários países europeus
(Bélgica, Reino Unido, França, Itália e Espanha) têm sido negativos, como revela um Relatório recente
da Federação Europeia de Utilizadores de
Serviços Financeiros com o título “Pension Savings: The Real Return”, citado
pelo The Economist. Por exemplo, no período de 2000-2013, em Espanha, os planos
de pensões perderam 1,2% ao ano, em termos reais, e no Reino Unido perderam 0,7
% ao ano entre 2000 e 2012.
Os principais responsáveis por aqueles
resultados são os gestores dos fundos de pensões que se apropriam de elevadíssimas
comissões, prejudicando todos aqueles que lhes confiam as suas poupanças, fruto
de vidas inteiras de trabalho.
E tudo isto com a passividade das autoridades
europeias que “não conhecem o verdadeiro desempenho dos serviços que deveriam
regular e supervisionar”. O mundo financeiro continua gozar de um tratamento
permissivo que não deveria ser tolerado
em países democráticos, pois permite o domínio dos interesses de uma minoria
sobre os das pessoas comuns.
Quando, entre nós, continuam a crescer as
desigualdades e tantos lutam com dificuldades para manterem uma vida digna,
este é um problema que não pode deixar de nos preocupar.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários estão sujeitos a moderação.